Crônica do Dia de Finados

Meus caros 23 leitores (in)fiéis e demais de quando em vez (ultimamente, de nunca em nenhuma vez), impossível o Dia de Finados cair numa sexta, justo o dia que eu publico minhas crônicas aqui no RL, e eu não escrever a respeito disso. Crônica é o momento, é o assunto do momento. Então vamos lá.

Hoje fui no cemitério com minha mãe e meus tios para dar uma limpada no túmulo de meus avós. A gente sempre se reúne nesse dia. Somos "a turma do Dia de Finados da família Braga". Ah, Braga é o sobrenome da família da minha mãe. Sempre é legal, conversamos, contamos piadas, enquanto pagamos alguém para dar uma lavada no túmulo e arrancar umas plantinhas que nascem entre os azulejos (no caso específico, verdelejos). Fizemos isso logo pelo início da manhã. Vai que chegue alguém ali e vê a última morada dos meus avós atirada às guanchumas né? Isso nunca!

O que eu detesto, mas detesto mesmo nesse dia é a tal da Cruz das Almas, cheia de velas. Fica um cheiro insuportável e sufocante de fumaça de vela ali. E creio que os espíritos também devem odiar esse fedor!!! Mas minha mãe insiste em ir ali colocar velas e eu tenho de ajudá-la, pois ela está com dificuldade para se locomover e se agachar.

Ainda tive que ir com minha genitora colocar uma vela no túmulo do irmão do meu pai, que ele não vem a cemitério e nem vai a velório de jeito nenhum, aquele velho cagão. Pois daí lá vai eu ajudar a mãe a acender uma vela pro tio. Faço com gosto, era tri o tio, gente boa.

A minha mãe, enquanto eu fico lá colocando vela, gosta de dar sobras de comida pros guaipecas do cemitério, que nesse dia ficam lá bicando uma sobra de qualquer coisa. O Dia de Finados deve ser o Carnaval dos cachorros do cemitério de Charky City.

E depois desses compromisso familiares iniciais, cada um vai para um lado dar um alô (???) pra algum conhecido que está morando em definitivo na Cidade dos Pés Juntos. Ficamos de nos encontrar na saída, aí pelo meio dia.

Não sei porque eu comecei a pensar na Catarina, a virgem de Santa Catarina, nesse momento. Vejam só, a guria vai ganhar um milhão e meio de reais de um japonês para transar com ele sem camisinha durante um vôo de avião. Na verdade o lance da transa é a venda da virgindade dela.

Incrível isso!!! O cara vai dar um milhão e meio de reais pela virgindade da Catarina. Mas vá gostar de uma virgem assim lá no Japão!!! Aliás, será que esse cara não conseguiria uma virgem lá no Japão? Sem pagar ou, até, pagando bem menos do que vai dar pra Catarina dar pra ele? Ou será que as virgens no Japão são mais caras? Tipo assim: virgem japonesa custa 3 milhões; virgem brasileira 1 milhão e meio.

Então fico pensando: Quanto será que custa uma virgem sueca? Uma virgem argentina? Uma virgem estadunidense? Uma virgem paraguaia?

Apesar de que a virgem paraguaia pode ser falsificada né! A não ser que a virgem seja a Larissa Riquelme, pois daí quem vai se importar se ela é mesmo virgem ou não né?

Mas sabiam que a Catarina toca piano clássico? Não creio que o japonês tenha dado toda essa grana pra isso, que tenha o fetiche de deflorar a Catarina enquanto ela toca Mozart, Chopin ou Beethoven.

Mas ela toca piano clássico gente, tem até um vídeo dela tocando aqui na Internet.

Porém creio que ninguém vai lembrar dela no futuro por tocar piano clássico, mas sim por ter vendido por um milhão e meio de reais a sua virgindade para um japonês tarado.

Alguém vai passar pelo túmulo dela um dia (que todos vamos estar num túmulo um dia, a não ser que sejamos cremados né) e pensar: "Olha ali, o túmulo da Catarina, aquela que vendeu a virgindade pra um japonês por um milhão de reais".

Tem coisas que a gente faz que marcarão a gente pra sempre.

Daí creio que a gente tem de pensar bem no que vai fazer num determinado momento, pois a gente vai ficar marcado pra sempre por isso, até para quando não estivermos mais por aqui.

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Era isso pessoal. Toda sexta, final de tarde, estarei aqui no RL com uma nova crônica. Abraço a todos e bom final de semana.

Meus textos (com fotos) estão também no meu Blog:

http://charkycity.blogspot.com

Antônio Bacamarte
Enviado por Antônio Bacamarte em 02/11/2012
Reeditado em 02/11/2012
Código do texto: T3965869
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