FIM NADA...
Fui à missa , acompanhada da lua branca. Desbotada no céu. Orei por todos que já partiram para o lado de lá. Aproveitei e orei por todos que estão aqui, do lado de cá. Senti-me leve. Protegida pela presença de Deus em minha vida . Saí do Santuário e fui para o cemitério. Não rezei nenhum mistério. Apenas uma ave-maria em cada sepultura. Falei com minha mãe, meu pai, meus irmãos, meus tios, meus avós, meus amigos. Com certeza, eles acolheram os meus pedidos. Pertinho de Deus, podem interceder por nós, habitantes deste mundo perdido. Levei uma palma branca para meu avô Palma. Símbolo da paz. Um anjo barroco, enegrecido, esboçou um sorriso. O casal de pombos que namorava em sua cabeça, bateu asas e voou, à procura de migalhas de pão deixadas pelos mendigos que ali pernoitam. Uma lágrima silente escorreu por detrás dos óculos escuros da viúva de preto ao meu lado. Molhou meu coração....