Nada a declarar! Calei!

Nada a declarar! Calei!

Assistimos à democracia escolher seus governantes. Somos obrigados a votar e, muitas vezes, em quem não queríamos; responder ao jogo democrático. A escolha limitada e a opção ditada, por tal regime, nos obrigam a obedecer às imposições. "Votar é se abnegar".

O voto é obrigatório! A democracia é uma ditadura com eufemismos! Cumprimos nosso dever de cidadão, elegemos o “menos pior”, e aí? A pergunta que não quer calar é a seguinte: quem são os “menos piores”? Talvez, sejam aqueles simpáticos que nos abraçam e nos afagam antes do pleito, que distribuem sorrisos e gargalhadas em dentaduras ofertadas, que presenteiam com tijolos os parcos sonhos de um povo que não consegue nem erguer sua dignidade.

A eleição termina, mas o fim pode ser o começo do apocalipse. Aqueles que apostaram no sorriso, na flor, podem vir a colher as agruras da escolha errada. Mas, a escolha certa não existe?! Anular e embranquecer também não são soluções: uma diz que você é covarde e a outra é um preconceito arraigado e perpetuado em ditames (mas está lá e pode ser utilizado). Percebe-se ,agora, a terrível dúvida e um sistema viciado: a escolha ofertada e as opções marcadas com a sujeira e a imundície da venalidade. Pobre de nós!

Somos obrigados a ser cúmplices de falcatruas e deslizes, de propósitos escusos e achaques, pois somos nós quem colocamos certos indivíduos para tomar conta do que deveria ser distribuído para o coletivo. Caso a democracia fosse honesta e proba, colocaria seus representantes algemados e presos em cadeias de vergonha e em cárceres propriamente ditos. Mas ,não! A democracia é conivente, é cúmplice e apóia sempre aqueles que oferecem mimos e bagatelas para lhe sustentar.

Tenho pena de nós, cidadãos! Tenho pena porque somos coniventes e passivos e quando é hora de deblaterar, de vencer a liça, recuamos e tudo bem, tudo bom. Somos frutos de uma democracia que é filha da ditadura e que é alimentada por quem quer as benesses do poder. Está tudo certo! Não! Está tudo errado, mas usando aquela velha frase: nada a declarar! Calei!

Mário Paternostro