CARNAVAL ANTIGO

“Você quer rabo-de-peixe,

Conversível ou baratinha,

Pra que você não se queixe

Dou-lhe um rabo-de-sardinha”.

Foi uma das marchinhas mais cantadas, na metade dos anos 50, quando estavam em evidência os carros importados, os Nash, Mercury, Dodge, os BellAir da GM, e o mais famoso deles, o Cadillac, que era chamado de rabo-de-peixe.

Nessa época, tão saudosa, Santo André sendo sede da Rhodia, companhia francesa, tinha um carnaval bem movimentado, com o famoso lança-perfume Rhodouro. Lembro-me, perfeitamente, do vai-vem na rua Cel. Oliveira Lima. Empunhando o lança-perfume, confete, serpentina, saudávamos a moças, aquelas em que estávamos “de olho”, espirrando o cheiroso líquido, atirando o

“Confete, pedacinho colorido de saudade,

Ai, ai, ai, ai...

Ao te ver na fantasia que usei,

Confete, confesso que chorei...”.

Depois, a brincadeira mudava de rumo, indo para os salões dos clubes. Os mais animados eram o baile do Aramaçan, tradicional agremiação da cidade, do qual o Tonico de Lima, meu pai, foi um dos fundadores. Outro, o Clube Atlético Rhodia, dos funcionários da famosa empresa. Bailes animadíssimos!

“Foi numa casca de banana que eu pisei, pisei,

Escorreguei, quase cai,

Mas a turma lá de trás gritou,

Tem nêgo bebo aí, tem nêgo bebo aí”.

Mais tarde, dois clubes, então de esquina, o Panelinha e o Ocara, começaram a participar de desfiles de rua, na categoria rancho. A rivalidade era tanta, os dois se esmeravam de tal maneira, o que levou a televisão de São Paulo, a Tupi, passar a transmitir o desfile, com o famoso locutor Homero Silva.

“Eu fui numa tourada em Madri,

E quase não volto mais aqui

..........

Eu conheci uma espanhola natural da Catalunha,

Dizia que tocava castanhola e pegava o touro a unha,

Caramba, carambola, sou do samba não me amola....”

Por mais de dez anos esses desfiles animaram o carnaval de Santo André.

Deixando a Municipalidade de contribuir financeiramente, o Panelinha parou de disputar, e o Ocara, até hoje, participa.

Foi, sem dúvida, uma época de ouro.

Os antigos andreenses ainda têm na memória, os carnavais daqueles bons tempos.

“Tanto riso, ó quanta alegria,

Mais de mil palhaços no salão,

Arlequim está chorando pelo amor da Colombina,

No meio da multidão...”

Aristeu Fatal
Enviado por Aristeu Fatal em 01/11/2012
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