Devaneios de um Pensar Poético

Levante-se com paixão de vida... Bem cedo para sentir o frio da aurora mastigar a madrugada. Se arrepie com o hálito que vem do leste e sorva uma gota dos últimos orvalhos, respire bem fundo olhando dos olhos do infinito. Em volta só o silêncio que habita as horas. Deixe a fantasia despertar primeiro que os raios de sol veja ainda cometas faiscando no céu com seu rabos coloridos brincando de ir e vir. Se queres como a canção vá de carona na sua calda pela via Láctea... Esconda-se dos cavaleiros medievais que galopam pelas ruas em nome do rei impondo ordens aos notívagos que varam a noite cantando mágoas em poemas saudosos, Oh noite de amargura minha, que em cada gole seu rosto tortura o meu peito... Ouça o latido dos cães e se permita surtar pelas fantásticas invenções da mente, deixe as imagens que olhos mortais não percebem personificarem na vontade mais insana, faça com que os cães degustem a terrível figura esquelética com cheiro podre e capuz negro, que traz no crânio perfurado com uma estaca uma mensagem do ultimo dia das bruxas. E seus passos poderão mudar sem pressa, sem a fúria do trovão que dorme do outro lado das nuvens. Em todos os cantos onde sombras se debruçam sobre os objetos, uma partícula desta monstruosidade inventada estará sendo perseguida pelos peixes coloridos que vagam no aquário tedioso da sua sala de vídeo-game, como nos contos de Edgar Alan Poe a morte chega de qualquer maneira ou o inusitado se rende ao cotidiano, nesse instante, só poderá fugir o personagem que acaso salvara-se da Dramaturgia de Buñuel ou de Stanley Cubrick. Talvez seja ele um raptor de idéias surgidas à base de elucubrações febris. Mas não se deixe arrepiar com as doses excedentes da picardia da manhã e abra o peito com ardor de sentir a vida em todas as suas facetas. Levante a mão e toque o galho mais alto de um Jequitibá que estiver pintado na tela da parede do seu quarto, saiba que nada melhor para começar a viver do que saber que todos os conflitos são psicológicos e só se resolverão lá fora quando estivermos em paz aqui dentro... do peito.Ame sem medo de viver de amor. Se por acaso tiver acanhamento para querer de verdade recite o Soneto do amor maior de Vinicius de Moraes e tome coragem de ser feliz.

Adilson Cardoso