TEMPO, O SENHOR DA RAZÃO.
Dominante e dominador porque não é dominado, imbatível e imperativo. Ninguém pode lhe impor freios, nem barrar seus passos, muito menos cercear seu avanço.
A “razão” está no tempo, só ele explica o engolfamento de tudo e de todos, dita as normas do quando e como sucederão as mudanças, todas, materiais e imateriais.
Digere soberano a linearidade do cosmos, suas transformações inexplicáveis, só por ele testemunhadas. As assiste, só ele pode e sabe o que acontece e aconteceu, e maximiza ou minimiza eventos, interferindo no seu escoamento, que aglutina ou secciona. Seu decurso fragmenta e faz crescer, evolui e involui; transforma.
Alguns não o conhecem, restrita faculdade de visão os intimida em gnose, limitação de origem, etiológica, e aspiram ser o que nunca serão e viver o que o destino não proporcionou. Não vivem suas verdades, afundam em suas mentiras, a limitação retira a possibilidade de inferir a gama fenomenológica como universalidade.
O pensamento que se funde na alma é deficiente, a cabeça fica desfocada da existência.
O cirurgião Paulo Niemayer, em entrevista, perguntado sobre a alma, disse: “Eu acredito que a alma está na cabeça. Quando um doente está com morte cerebral, você tem a impressão de que ele já está sem alma... Isso não dá para explicar, o coração está batendo, mas ele não está mais vivo. Isto comprova que os sentimentos se originam no cérebro e não no coração.”
Inexistindo visibilidade, passam pela vida essas existências, sem registrarem o verdadeiro que foram e são, o tempo os engole, a alma sucumbe pela pobreza do pensamento.
A memorialidade que se esgota para todos, para esses que vivem sem suas verdades já se esgotou, “o tempo é o senhor da razão”.
Todos avaliam essas vidas sombrias, comiseradamente, onde não há visita de luz alguma, fechadas “intra muros” na desrazão do tempo verdadeiro não vivido em realidade, pois “ o tempo é o senhor da razão”.