“Ai se eu te pego. Fugi feito um coelhinho.”
Dizem que a insegurança e a frustração levam o homem a falência e a guerra. Mas, se o que você está fazendo for engraçado, alimente-se no que você criou. Por que ninguém dentre todas as liberdades é vencido quando quem vence é a razão. Daquele que a procurou. E se realmente entendemos o problema, a resposta virá dela, pois a resposta não está separada do problema. E que problemão eu arranjei para mim. Porque entre muitos naquele momento acabei ficando sem nenhum, foi como eu tivesse uma grande fortuna, e veio o vento a levou ao naufrágio. Pois dentro de todas as chuvas, aquela veio em uma hora errada, provocou em meu caminho, rastros que em meus pensamentos desenhavam leituras como a dizer; lidere; siga ou saia do caminho, me deixem passar e, por favor... Não olhem nos meus pés.
Então pensei. Porque não pegar um gancho, nesta minha crônica... “Neutralizo este estrago”. “E acrescento uma pitada de rebeldia”.” E, escrever sobre este fato engraçado, é como se eu experimentasse novamente o preço, “ a uma grande coisa obtida.” Mas á custa de um grande perigo. Então quando pensamos que somos o alivio das atenções, o tiro pode ser certeiro. E se não tivermos senso de humor, tudo poderá caminhar para um tragédia para quem não leva na esportiva quando é necessário. E quando a gente gosta de algo, não adianta, é aquilo mesmo, o que iremos “comprar”... “O sapato.” Podemos ter varias opções. Como preço e modelo, mas se o objetivo era aquele “ par de sapato”,
eu o comprei, veio direto para os meus pés. Sim. Direto, pois logo que veio para as minhas mãos eu os coloquei em meus pés e fiquei admira-lo como se fosse o mais belo de todos. E assim sempre que podia, os colocava, em meus pés, e caminhava elegantemente. E quando chegava perto de alguém, logo ele chamava a atenção, pela sua cor lilás, os seus bordados com lindas florezinhas em volta de todo o salto.
Uma graça. Um certo dia depois da aula, fui com a minha neta até o centro da cidade. E neste dia estava com este sapato. E a cada passo eu comentava para a minha neta. Nossa adorei este sapato, como ele é lindo, adorei tê-lo comprado, ficou tão bem nos meus pés. E a gente ia caminhando em direção a uma loja que era o nosso objetivo. Que por sinal uma loja conceituada na nossa cidade. Mas quando somos pegos de surpresas, não temos como escapar, e a chuva veio forte. E mesmo a gente se protegendo com a sombrinha, molhamos nossos pés e todo os nossos sapatos, mas fomos caminhando. Mas em um dado momento eu comecei sentir uma diferença em uns dos pés de sapato e olhei, reparei que ele estava estranho e continuei a andar, mas a minha neta que tinha ficado um pouco atrás me chamou e disse; “Vó, o seu sapato está murchando, eu acho é porque ele molhou.” Eu parei e olhei e disse; “Há quando ele secar, volta ao normal”. E fui andando sem me preocupar. E finalmente chegamos na loja. Uma loja muito bonita “De mulher para mulher. “E ali entramos, e logo comecei escolher roupas para mim e para a minha neta. E ia andando, para um lado para o outro, pra cá, ia pra lá, e a minha neta atrás de mim. E foi quando eu disse; “Eu vi uma blusa interessante do outro lado vou lá ver”. “Não vai não.” Disse ela baixinho, mas eu fui andando sem olhar para trás, e foi quando ela disse; “Vó, venha aqui, olha no chão olha o rastro que você está deixando em toda a loja”! E quando eu olhei, e vi a faxineira com a vassoura na mão e a pá olhando para mim, nossa com uma cara como (ai se eu te pego). Não tive dúvidas, olhei para os meus pés e admirada exclamei; “Foi eu que fiz isto e cadê o meu sapato de salto?!” O salto tinha sumido, o meu sapato tinha virado uma papete, uma pantufa, sei lá o que tinha virado, que vergonha, e eu não tínhamos percebido o transtorno que tinha feito no chão da loja.
Por isso que aonde eu ia o segurança aparecia, que coisa maluca tinha acontecido, um horror. Voltei, pedi desculpa pra faxineira, e tensa não sabia se ficava parada ou andava. Mas como tinha que ir ate o caixa, não tinha como. Fui devagarinho quase nas ponta dos pés, mas conforme eu ia andando, o sapato ia se desmanchando, e a sujeira ia se fazendo, e lá vinha a mulher com aquela vassoura. Até pensei, daqui a pouco ou ela vai me dar uma vassourada, ou vai varrer toda a sujeira para fora junto comigo. Mas ao mesmo tempo o que eu conseguia fazer era só rir junto com a minha neta, que através daquilo tudo, ainda se divertia, rindo da vergonha que eu estava passando e sentindo. Sai dali da loja aos pulinhos, feito um coelhinho apavorado, fugindo de uma raposa. Ou será da sujeira que eu tinha feito e deixado para traz. A porta da rua da loja, parecia que não chegava nunca. Mas quando coloquei meus pés pelo lado de fora, olhei para minha neta e disse; “Vamos, vamos não quero nem olhar para trás, se não e bem capaz do segurança mandar eu limpar toda a sujeira que esta porcaria de sapato deixou. E do que será que foi feito este sapato, falei. “Não sei vó.” A minha neta disse. Mas está parecendo que foi feito de espuma, e quando molhou ele se desmanchou todo. Que porcaria eu só sabia dizer. E de tantos sapatos fui escolher justo este! E você vai ver o que eu vou fazer, eu disse para a minha neta.
O que. Ela perguntou. Vou joga-lo fora quando eu entrar no carro, e é você quem vai jogar para mim. Eu não, ela disse. Fiquei quieta e fui andando. Chegamos ao nosso destino, entrei dentro do carro liguei e sai. E percorrendo as avenidas não tinha como joga-lo fora, mas eu queria me livrar daquele sapato, não queria nem lembrar que aquela coisa horrível esteve em meus pés e fui procurando o melhor momento para joga-lo, e dar-lhe finalmente um fim. E foi quando eu percebi, minha neta fechou os olhos e fingiu que estava dormindo, então no volante, comecei a chama-la. Oh Joyce, vamos, joga este sapato pela janela. Ela não respondia. Então me pus a chama-la por varias vezes e sem resposta. Até que nervosa, eu gritei “Quer jogar este sapato por favor.” Ela com uma cara como se estivesse sonolenta disse, que é vó! O que é não, eu falei para que você jogasse este sapato para mim e você finge que esta dormindo!!. Ah. Eu tenho vergonha de fazer isto. Vergonha, vergonha foi que passei eu disse. E foi quando passamos na beira da pista, ela finalmente jogou. E sem olhar para traz, com o meu carro em disparada, dei um bye bye, um tchauzinho para aquele horroroso monstro. Envolveu-me de magia, me fez sentir uma princesa, como se ele fosse o sapatinho da Cinderela, mas que no final... Transformou-me em uma abóbora, (risos.)
Instantes eu te admirava.
E do de elogios eu o cobria.
Da elegância eu o bem dizia.
Mas tu traiçoeiro, com tiro certeiro se desmanchou em tragédia, e repetindo, repetindo nervosa eu gritei;
“Joga esta coisa fora, antes que eu vire uma abóóóbora!”
Neire Lú 30/10/2012