HONESTIDADE NAS VEIAS
Prof. Antônio de Oliveira
antonioliveira2011@live.com
Dentre tantos slogans usados na última campanha eleitoral chamou-me a atenção este: “honestidade nas veias”. Não vai aqui nenhuma referência pessoal ao candidato, mas apenas uma reflexão. Honestidade, para mim, é de caráter moral, não fisiológico. Aliás, mesmo que o fosse, ainda assim o portador de honestidade nas veias não teria mérito nisso nem por isso. Mérito é de caráter pessoal. Na verdade, também não são poucos os candidatos que se escudam na figura do pai, conhecido, ou na figura de outro político mais experiente, de um padrinho ou uma madrinha. Usam muletas para subir na carreira política.
Voltando à honestidade nas veias, admito que certos atos de caráter moral, não esse de honestidade nas veias, podem ter a ver com a fisiologia, sim. Um deles, ligado à ira e, no seu contrário positivo, à paz de espírito. Com efeito, quando se está irado parece que todo o corpo padece. Tanto o desejo de vingança como o sentimento de perdão têm reflexos diretos no bem-estar da pessoa, inclusive no sono e na disposição para o trabalho. O estado de ira, de cólera, faz mal à saúde, sem falar nas guerras, nos atos de terrorismo, na justiça pelas próprias mãos. Há quem diga: Vou para a cadeia, mas ainda mato aquela pessoa. E não é que isso acontece mesmo? E como acontece!
Não é à toa que a ira consta, tradicionalmente, como um dos pecados capitais. E ninguém, em maior ou menor escala, está imune. A vacina que existe é contra outro tipo de cólera. Há quem fique desatinado de raiva. Uma raiva surda chega a doer-lhe o peito. Há quem se arrepie de ódio e de nojo só de ver um desafeto. Contudo, dias de ira são dias perdidos na nossa vida.
Quanto à honestidade nas veias, após essa ligeira digressão, concluo: honestidade nas veias não existe, apesar de a educação de berço ser muito importante; mas que a desonestidade, sobretudo sob a forma de corrupção, contamina as artérias da Avenida Brasil, ah, isso contamina...