MEU MEDO DE ARANHAS
Aracnofobia... É isso que sinto! Um pavor que foge do meu controle, que me faz se arrepiar dos pés a cabeça. Esses bichos peçonhentos de oito patas... Andando ligeiros e firmes, sempre se escondendo em buracos e debaixo de objetos... Como os repudio!
Desde que me conheço por gente que tenho esse pavor por aranhas, não lembro de nada em especial que tenha causado tal medo.
Ainda muito pequena meus pais já tinham o cuidado de me manter longe de lugares que por ventura pudesse existi-las. Em nossa fazenda tinha uma "casa de farinha", onde vez ou outra aparecia alguma.
Certa vez enquanto os empregados faziam farinha, eu sempre muito teimosa, mesmo com todas as proibições que meus pais deixavam antes de sair, fugi da vigilância da babá e consegui chegar até lá. E enquanto estava "atrapalhando" o pessoal que trabalhava, vi sair por debaixo do forno que era feito de barro uma enorme aranha, conhecida como Aranha de Veludo. Os homens jogaram querosene para tocar fogo enquanto eu gritava feito louca, sem conseguir me mover. Até que uma das mulheres me pegou no colo e correu comigo daquele lugar. Antes de me afastar ainda vi aquela coisa horrível em chamas correndo, tentando se livrar da morte certa... Foi de fato uma das visões mais aterrorizante que já vi em minha vida!
Todos em casa sabiam do meu pânico e eram rigorosamente alertados a não me deixarem ir em lugares que possivelmente pudessem existir aranhas. Meu irmão por muitas vezes foi repreendido por papai, quando tentava me assustar fingindo que tinha uma aranha escondida atrás das costas ou com os dedos em movimento imitando uma.
Vivia constantemente vigiada, porque adorava subir em arvores e meus pais tinha medo que por ventura eu visse até mesmo algo parecido e pulasse do alto.
Ainda menina e já morando na cidade, fui ao circo. Quando estava no melhor do espetáculo, entram os palhaços e começam a algazarra. De súbito, desceu por uma corda uma gigantesca aranha de pano. Enquanto todos riam do medo dos palhaços eu já corria levando as pernas de quem tivesse em minha frente e derrubando as cadeiras, que por ventura encontrava-se vazias. Nossa babá coitada, corria atrás de mim arrastando minha irmã tentando me alcançar. De sorte fui parada por um segurança que se encontrava na porta. Do contrario acho que até hoje estaria correndo! Chegando em casa levei uma bronca do meu irmão e fiquei de castigo por tentativa de homicídio contra minha babá, que quase teve um infarto de tanto correr... Coitada! Ainda hoje lembro da cara de pânico dela, quando me pegou da mão do segurança e teve a certeza que eu não continuaria correndo.
Em outra ocasião meu irmão nos levou a um parque de diversões. Qual criança que não adora andar naquele mundo de brinquedos? Mesmo meu irmão insistindo que só poderia andar em brinquedos pequenos, eu queria sempre os maiores. Enquanto minha irmã andava com a babá nos cavalinhos eu queria a roda gigante, o barco pirata, a montanha russa... Mesmo ouvindo promessas de uns tapas quando chegasse em casa!
Para eu não fazer escândalos em publico, meu irmão ia comigo nos brinquedos maiores. Quando vi o trem fantasma e todos os gritos que vinham lá de dentro, bati o pé que queria porque queria andar ali!
Não adiantava meu irmão dizer que eu era pequena para aquele brinquedo. Eu nem quis saber... Chorei e gritei, e para evitar maiores escândalos (eu sabia que escândalos era o ponto fraco dele), lá vamos nós no trem fantasma.
De entrada fui ao delírio, monstros que fingiam nos pegar, múmias gritantes em seus sarcófagos de plástico, a morte com sua foice fingindo que nos ceifaria, caveiras, mulher sem cabeça... Até que em uma curva surgiu uma ARANHA gigante, vindo de encontro ao carrinho que estávamos sentados!
Meu Deus... Pensei que fosse morrer! Se meu irmão não fosse rápido eu teria pulado do carrinho em movimento e causado um trágico acidente! Fiquei agarrada, gritei tanto que chamou atenção das pessoas que estavam do lado de fora aguardando sua vez. Serviu de lição, nunca mais entrei em um trem fantasma.
Tenho todos os livros do Stephen King. Sou grande fã do trabalho dele. Tinha um livro em especial dele que ainda não tinha lido: “A COISA”.
Um dia decidi comprar. Até chegar nas livraria e descobrir que na capa tinha ilustrada uma enorme ARANHA, passando por dentro de um túnel... Que horror!
Voltei pra casa frustrada. E agora como faria para ler aquele livro?
Depois de muito pensar, só encontrei uma maneira:
Certo dia fui em uma livraria no shopping, chamei o vendedor e morrendo de vergonha de dizer a verdade, menti que gostaria de fazer uma brincadeira com uma amiga e gostaria de adquirir o dito livro, para isso, enquanto eu pagava no caixa, ele teria que arrancar a capa do mesmo e embrulhar o livro sem a capa para presente, ele ainda me perguntou se eu não queria levar a capa para no futuro entregar a pessoa presenteada. Segura do meu medo, respondi que não! Acho que até hoje ele se pergunta porque alguém compraria um livro sem a capa para presentear!
A casa de nosso sitio tem um porão, onde em tempos antigos meu avô usava como deposito para tralhas. Hoje desativado, nem passo por perto, é escuro e tenho certeza que lá pode ter ARANHAS.
Vez ou outra pego três ou quatro crianças da APAE ( com a autorização dos pais) e as levo para um lanche ou sorvete na praça de alimentação do shopping. E em uma dessas ocasiões, depois do lanche fui até uma loja de departamento. E enquanto procurava uma lembrancinhas para as meninas, uma delas encontrou uma sexta cheia de insetos de plásticos, e para o meu desespero, ela pega uma aranha pequenininha. Toda sorridente vem ao meu encontro mostrar.... Meu Deus! Que sufoco... Corri da loja deixando as meninas pra trás, porem meu senso de responsabilidade dizia que eu tinha que voltar e ficar com elas. Caminhava a passos rápidos pra longe da menina enquanto pedia que ela colocasse de volta a maldita aranha onde tinha encontrado.
Esse é mais um episodio que tenho certeza, os seguranças do shopping nunca entenderam porque fiz tanto alarde por uma coisa tão pequena. Dessa vez elas perderam a lembrancinha, pois já não tinha mais coragem de voltar a loja, e a menina ficou achando que tinha feito algo para me magoar, tive que tentar convencê-la durante todo o percurso de volta que a culpa não tinha sido dela, e ainda expliquei do meu medo por aranhas.
Hoje na APAE todos sem exceção sabem dessa minha fobia e eu posso respirar aliviada, pois sei que ali, jamais alguém vai me assustar, mesmo que inconscientemente.
A algum tempo atraz, não lembro bem a data, escuto no noticiario local que tinha sido apeendida no aeroporto Santa Maria, aqui em Aracaju, uma mala contendo mais de 200 aranhas. O traficante logico, foi preso e as aranhas transportadas para o Instituto Butantam. O que levaria alguem há traficar aranhas?
Dias depois fui designada a fazer uma auditoria na agencia dos correios do aeroporto. Quem disse que tive coragem de ir? Mesmo sabendo que as malditas peçomhentas não estavam mais lá, bati o pé que não ia e por pouco não levo uma suspensão. Até hoje quando tenho que entrar em um avião ainda fico meio receiosa, vai que outro traficante consegui embarcar e elas se soltam? Lembro sempre de um filme que vi a um bom tempo. Serpentes a Bordo, com cobras envadindo o avião...
Quando comecei a namorar o Julio, pedi que ele retirasse todas as imagens de ARANHAS que tinha em seus contos... Não tenho vergonha desse medo, também não sei como superar. Já tentei ajuda psicológica e nada consegui.
Eu tenho medo de aranhas até desenhadas em pedaços de papel.... Filmes com aranhas? Deus me livre! Aranhas de plásticos? Corro as léguas para não ver uma!Esse é o meu medo.
E você? Qual o seu medo?