Solidão

        
            Caminhava na longa calçada que acompanhava a areia e o mar.
            Dia claro, luminoso, céu transparente e o vento refrescante, vindo do oceano, tornava o passeio bem agradável.
            Muitos anos tinham se passado; estava velho e a idade traz um sentimento de solidão.  Já não sentia o vigor de tempos passados, nem seria normal que isto acontecesse.  Mas os passos eram firmes, a marcha desembaraçada e o olhar ainda atento para o que de belo existia naquele lugar.  A praia, as crianças brincando junto ao mar, baldes de areia sendo transportados para a construção de castelos e fortes, onde a pirralhada empregava toda sua arte.  Algumas mães, ainda bem jovens, chamavam a atenção pela beleza física, como negar?
            Calmo ele prosseguia seu exercício matinal, pensava na vida presente, que mesmo sem o entusiasmo da juventude, tinha o seu gosto saboroso.  Acordar, sentir-se vivo, tomar um café perfumado de prazer, respirar o ar ainda fresco e puro da manhã resplandecente.  Os pensamentos eram rápidos, não sabia se quando estivesse outra vez em casa iria ler, ouvir uma música agradável, talvez imponente, talvez relaxante.  Um banho gostoso, roupa fresca e limpa e os pensamentos fluindo sobre a existência.  Chegara à conclusão de que era bem melhor crer.  Acreditar em tudo desta curta longa Vida, seja fato bom, seja coisa desagradável.  Ambos caminham juntos, não há como evitar.
            Não refletir em cima da solidão é um erro.  Pode até mesmo ser desastroso.  O contrário, pensar sobre o que está nos cercando, é algo luminoso.  “Pronto”, pensou.  “Já sei o que vou fazer hoje.  Vou escrever sobre isto.”  Foi o que fez, despretensiosamente.  
Jorge Cortás Sader Filho
Enviado por Jorge Cortás Sader Filho em 30/10/2012
Código do texto: T3959856
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