Os anjos de cada dia

Eles estão espalhados por todo lugar. Muitas vezes não nos damos conta de suas existências. Talvez nos falte um pouco de sensibilidade para percebermos as suas presenças. Eu costumo estar atenta, pois gosto de notá-los.

Um dia desses vi um. Era sábado. Eu havia estacionado o carro nunca das ruas paralelas ao centro e me dirigi a passos rápidos para o lado da praça da igreja. Consultei o relógio pela terceira vez e constatei que faltavam poucos minutos para o comércio fechar e eu não podia deixar aquela compra para segunda-feira. Neste momento, ele passou por mim e me ofereceu alguma coisa que vendia. O sol estava muito quente e vi que seu rosto estava todo salpicado de gotículas de suor. Usava uma roupa pouco apropriada para o clima, era o seu uniforme de trabalho. Parei e fiquei olhando o seu jeito gentil e o sorriso aberto. Comprei o que ele vendia, pois era impossível recusar uma pequena ajuda a alguém que oferecia tudo de si naquele modo afável. Ele me entregou o troco e agradeceu com aquela gratidão que poucos já experimentaram. Pensei: “Por quase nada, meu Deus!” e me despedi. Mal dei o primeiro passo, ouço-o chamando-me. Volto-me e novamente vejo aquele rosto sorridente com as gotículas brilhando ao Sol, que diz: “Que Deus sempre ilumine você!” Respondi: “Amém! E que ele continue a iluminar você.”

Eu me afastei a passos leves, sentindo-me cheia de luz. Eu havia recebido um pouco da luz daquele anjo anônimo que trabalhava na dureza de um dia qualquer.

Déa Miranda
Enviado por Déa Miranda em 29/10/2012
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