E agora José?
Meu nome é Antonio e sou caixeiro viajante.
No passado freqüentei a igreja, mas, os vícios e as más companhias fizeram que eu me afastasse da igreja e da família.
Perdi tudo, até os amigos se afastaram de mim.
Antes de ser caixeiro viajante tive um pequeno negócio
E escrevia alguma coisa para o jornalzinho local.
Bem neste dia cheguei à cidadezinha sábado à tarde e como nada tinha que fazer fui passear, só conseguiria visitar meus clientes na segunda feira.
Passando enfrente a uma pequena paróquia, os hinos de louvor me fizeram lembrar da família e resolvi entrar.
Sentei-me num lugar afastado e após o hino subiu ao púlpito um pastor depois vi ser um bispo.
Parece que conhecia todos pelo nome.
Olhou demoradamente para mim, porém nada falou.
Só deu um sorriso e me cumprimentou com um aceno de cabeça.
Após dar alguns avisos.
Disse a todos, porém a impressão era que ele dizia diretamente a mim.
Hoje vou dar o testemunho de um conhecido meu.
No sítio todos ou quase todos eram analfabetos.
José tinha uma curiosidade insana, porém ninguém podia ajudá-lo.
Escola por ali não havia, parece que ninguém também se preocupava.
A única coisa importante era o trabalho braçal.
Após um dia de trabalho todos descansavam na varanda da enorme casa do administrador.
Quando o sol baixasse iria a uma pequena vendinha onde tomaria um aperitivo, (pinga), pois o lugar era tão pobre que nem cerveja ou outro tipo de bebida havia.
De repente, ao longe viu que três pessoas se aproximavam.
Mesmo com o calor insuportável estavam vestidos socialmente.
Eram dois homens e uma mulher que sorriam parecendo não sentir o calor da tarde.
Ao cumprimentar, todos ficaram evasivos, tinham medo de conversar, pois nada que os estranhos falassem poderia interessar a eles.
Com desculpas das mais variadas todos se evadiram, menos José.
O mais velho dos três um senhor de idade, mas muito bem falante, pediu licença e um segundinho de seu tempo.
Começou agradecendo por José ter aguardado e não se afastado como os outros.
Perguntou de várias coisas família, roça, tempo, saúde.
Jose percebeu que os três carregavam um livro com capa de couro, que seguravam como fosse pedra de ouro.
José que tinha verdadeira aflição para aprender a ler, ficou observando extasiado o livro.
O ancião percebeu seu interesse e perguntou se ele sabia ler.
Com muita vergonha falou que ainda não tivera tempo.
Dentro de cinco minutos o ancião, depois o casal falou de um mundo maravilhoso onde todos deveriam chegar.
José parecia hipnotizado, bebia as palavras;
Fez um comentário para si mesmo embora todos ouvissem.
Se eu soubesse ler, compraria um livro deste para mim.
O ancião pegou sua bíblia e falou:
-Se você me der o prazer de aceitar esta bíblia velha, que me acompanha há vários anos.
José chegou a chorar, pegando a bíblia e tentando entender o que estava escrito.
Moro bem perto daqui, disse o velho:
-Se quiser nos visitar posso passar mais alguns conhecimentos bíblicos, ou meu filho e minha filha.
Não queria dar trabalho, mas se o senhor deixar no fim de semana irei à sua casa para aprender mais um pouco.
Disse e fez, dentro de pouco tempo foi batizado e lia quase igual Senhor Manoel.
Maria, a filha era a que mais se empenhava em administrar aulas para José.
Além da religião, Jose conquistou o coraçãozinho da moça.
Foi aprovado por toda a família.
Freqüentava a igreja em todos os cultos, até que o pastor convidou-o para deixar a roça e ser um de seus ministros, pois a congregação crescia a olhos vistos.
Trabalhando na igreja onde fazia de tudo, no tempo ocioso começou a estudar.
Sua vida mudou completamente.
Ganhava pequeno salário, mesmo assim muito maior que o da roça.
Aquele analfabeto que chegou para ajudar, agora bem vestido e galante praticamente mandava na igreja.
Encabeçava o culto aconselhando e orientando os irmãos em tudo.
Apesar de tudo que fazia ainda sobrava tempo e montou com sua namorada a filha do Senhor Manoel, pequena loja onde vendia roupas aos irmãos, bíblias e livros ilustrativos, tudo que era usado no templo do Senhor.
Foi abençoado e progrediu muito.
Casou e comprou bela casa próximo dali.
Seus negócios se expandiam a ponto de negligenciar a religião.
Foi questionado pela esposa, mas a ganância tomou conta dele.
Só ela freqüentava os cultos, seu cunhado e sogro não mais conversavam com ele.
Começou a sair e posar fora de casa.
Neste tempo já era um homem rico.
Havia se formado em teologia e direito.
Mas sua vida desregrada o afastou definitivamente de Deus.
Uma noite qualquer voltava para casa.
Pensava na briga que tivera com a esposa.
Havia questionado, pois Deus nunca falava com ele.
Zombava dela dizendo:
-Se Deus falar comigo eu volto.
Numa esquina qualquer ouviu uma voz forte.
Pensou em assalto, porém ninguém apareceu.
Pouco depois ouviu novamente, a voz dizia:
-Compre três litros de leite e dez pãezinhos.
Riu, pois em sua casa tinha várias caixas de leite, havia feito compra recentemente.
A voz retornou e passando em frente a uma padaria entrou comprou o leite e os pães.
Agora chega, vou para casa.
Caminhou poucos metros e a voz disse:
-Entregue tudo naquela casa.
Sem entender parou a frente da casa e bateu palmas.
Ouviu alguém que dizia:
-Já vai.
Abriu-se a porta e um homem de mais ou menos trinta anos e aparência cansada.
Disse:
-Trouxe este leite e pão para você.
O homem chorando chamou a esposa.
Quando ela viu começou a chorar e agradecer, pois O Senhor Jesus havia ouvido suas preces.
Faz três dias que estamos sem comida.
As crianças já estão ficando doentes.
Pedimos a Jesus que mandasse um anjo para nos ajudar.
Muito obrigado.
Ele ouviu nossas preces.
Pegando o leite e o pão levou para dentro da casa.
José pela segunda vez foi tocado pelo Espírito Santo de Deus.
Chorou também copiosamente.
Pegou a carteira e deu todo o dinheiro que tinha a eles dizendo:
-Eu que agradeço a vocês, pois hoje Deus falou comigo.
Foi direto para casa onde pediu perdão à esposa que disse já haver perdoado.
A partir daquele dia sua fé retornou.
Quando ouvi este testemunho, o bispo desceu do púlpito e me abraçou.
Percebi que ele havia contado sua própria história.
Senti um calor no peito e comecei a chorar disse a ele:
-Meu bispo, eu havia me afastado de tudo, era um ausente.
Quero pedir perdão a Deus.
Quero recomeçar.
-Meu querido irmão Deus sempre perdoa.
Basta você renovar seus votos, pois os anjos falaram a você por meu intermédio.
Fiquei como obreiro ali por vários anos.
Só não pude contar com a presença do bispo Jose, pois viajou para um país distante, para pregar a palavra e trazer mais irmãos para Cristo.
Hoje queria passar para vocês meu testemunho.
É a vida de um temente a Deus que como ovelha se desgarrou do pastor.
Para alegria dele e minha retornou ao nosso meio ajudando os irmãos com sua sabedoria e exemplo de vida.
Conseguiu lotar sua congregação de boas almas todas seguindo seu exemplo de bondade.
Resolvi escrever este conto.
Não posso dar o verdadeiro nome, pois não tenho contato e não iria dar seu nome sem sua autorização.
Com certeza se ele ler dará seu aval, pois a intenção é das melhores.
Se servir de algum meio para orientá-los ou orientar alguém que você repasse este conto que resolvi nomear de “E agora José”
Boa leitura.
Oripê Machado..