Tudo terminado em "ismo".

Escrever de noite sempre foi a melhor opção para mim. Talvez por causa da atmosfera de um silêncio simples, sem muito esforço.. Facilitando assim que a bagunça amorfa da minha mente tome alguma forma e saia, em palavras inconstantes, para o papel. Foi em uma noite dessas, sem muito a esperar, que me ocorreu uma ideia.

- Mas me diga, afinal, o que é ser uma pessoa perfeccionista. -Perguntei.

- É ter, ao mesmo tempo, um anjo e um demônio dentro de você. É sempre tentar alcançar o limite, mesmo sabendo que não há um. Sempre tentar se superar, vencer as barreiras, continuar.. -Respondeu ele.

- Um paradoxo, então.

- Mais um de tantos em minha vida.

Fui dormir pensando naquilo. O perfeccionismo nunca me pertenceu. Claro que todos desejamos ver melhorias, ainda mais quando em nós mesmo. Mas isso requer uma luta entre o esforço e o comodismo, e não é preciso assistir UFC para saber que o comodismo sempre vence. Uma pessoa cômoda vê sua vida como um trem cargueiro, que está a toda velocidade, mas prestes a descarrilhar. Nada pode-se fazer para detê-lo. Ele vai bater. Vai causar um estrago. Vai ferir. Mas você não tem como impedi-lo.

O comodismo, considero eu, é mais infeliz do que um vício. Pois algo no vício, mesmo que por uma fração de segundos, te deixa feliz.

Mas por que algo, nesse universo tão peculiar, iria existir sem haver uma solução?! Além da teoria da ambiguidade, tenho mais uma. E essa me promete (e nunca me deixou na mão!) que tudo na vida tem um remédio. Inclusive para o comodismo, que deveras se apossa de mim e talvez de você.. Eu o chamo de "baque", e é ele que abre meus olhos e minha mente quando me impedem de ver. Esse "baque", literalmente me acorda para a realidade e grita bem alto: "Ei Julia, tira a venda dos olhos!".

O que te resta é descobrir qual é o seu "baque". Talvez um sonho forte que você almeja que se concretize; talvez uma oferta de emprego que requer muito esforço da sua parte; talvez a triste visão que você tem de seu país e que você deseja reverter. Talvez.. Talvez. Ponha um nome no seu "baque" e o ensine a acordá-lo quando for preciso.

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J Monsôres
Enviado por J Monsôres em 29/10/2012
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