QUE SACO!

QUE SACO!

Estava com muita pressa, dirigia-me a um restaurante para almoçar (Que horror, minha secretária de férias e eu não sei fritar ovos...),porque em pouco menos de uma hora teria um compromisso ...de lazer é claro...hoje é sábado, tenho que aproveitar porque amanhã estarei muito ocupada, votando no Salvador da Pátria(como queria ter essa ilusão).

Eis que no entanto, toda a minha pressa se fez inútil,tive que parar o carro(que maravilha que nas proximidades onde moro ainda encontro um lugarzinho para fazer isso!)para observar um garotinho de mais ou menos quatro , no máximo cinco aninhos de idade.É isso mesmo, TIVE que parar.

O garoto tinha um saco plástico, desses que se usa para compras em mercados, e que ainda não se conseguiu abolir em prol da defesa da saúde do meio ambiente.

O saco estava amarrado por um barbante,e o menino, daquilo fazia um mundo.Girava –o ao som de gargalhadas. Outras vezes o deixava seguir ao sabor do vento e deliciava-se com o freio que ele lhe impunha através do barbante(talvez esse garoto pudesse ser um líder).

A emoção do garoto era tanta, que chegava aos meus olhos o medo que ele tinha de não dominar aquela "máquina potente",quando o vento se fazia mais forte e a levava a alguns centímetros do chão.Franzia a testa e depois ao conseguir controlá-lo sorria aliviado...e eu também...

O que será que carregava naquele saquinho plástico?Certamente ali estavam todos sentimentos e anseios daquele garotinho , que sem camisa , com os pés descalços,tinha um mundo nas mãos: amava,sorria e lutava por aquele saquinho...Pela primeira vez aplaudi a utilização de um saco plástico....

Conceição Castro
Enviado por Conceição Castro em 27/10/2012
Reeditado em 27/10/2012
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