ARTEFATO
O objeto deveria causar estranheza, além de ... exalar... uma beleza exuberante. A exuberância tinha como propósito roubar a atenção do passante, capturá-la. A beleza deveria manter cativo aquele que inadvertidamente olhasse o artefato, enquanto lhe fizesse brotar na mente, ou dela, um sentimento de estranheza, de confusão, mas de uma confusão suave e doce, macia mesmo.
De fato, o objeto mal passava de um vaso de plantas, embora pudesse ser compreendido como um quadro de parede, tridimensional e vivo.
Tratava-se de uma orquídea de pétalas lilases, mas intensamente colorida no centro, emoldurada por um elegante quadro preto vitrificado, e sustentada por folhas verdes, vivas. O despojamento elegante do vidro negro, da moldura tridimensional de mesmo tom, ressaltava a exuberância viva da flor, a minúscula renda de seus desenhos, dos coloridos arabescos que as compunham.
A arte minimalista e despojada do vaso/moldura negro e reflexivo funcionava como um refletor, como um holofote para a intensa beleza viva da flor.