.:. Nome de gente .:.

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Coisa complicada é nome de gente! Se pararmos para investigar, encontraremos de tudo um pouquinho: tem filho que traz de batismo a fusão dos nomes dos genitores. Surgem as Carliane (Carlos com Eliane), os Donatos (Dora com Nonato)... Alguns rebentos ganham de presente o nome de ilustres mortos – que vantagem existiria em se ter o nome de algum morto famoso? Aparecem os Lennon, os Kennedy... Outros pais, mais esdrúxulos, resolvem inovar, criando para os pimpolhos nomes de semânticas geniais. Brotam, então, os Adegobaldos da vida, os Um Dois Três de Oliveira Quatro – a alcunha desse cidadão eu encontrei numa lista de nomes raros. Não sei se deveras existiu, mas, certamente, ele adorava ser chamado de Oliveira! Eu também fui alvo dessa excentricidade: puseram-me um nome estranho que ainda hoje me rende inúmeras piadinhas sem graça!

Mas existe a possibilidade de brincarmos com os nomes. Recentemente, fui apresentado a um músico que se chama Remi Oliveira. Na família dele, todos, exceto a mãe, são músicos: o primogênito era tecladista, mas, para atualizar-se no mercado, virou sanfoneiro; o segundo da prole é guitarrista; o filho caçula, baterista, é o dito cujo Remi Oliveira. Como músico, e tentando ser engraçado, eu o rebatizei, chamando-o de “DE Oliveira”. A princípio, ele não entendeu a nova alcunha, mas expliquei. Vejamos: Ré em notação musical é “D”. Mi é “E”. Portanto, você se chama DE Oliveira. Ele sorriu e me deu duas tapinhas nas costas. Parece que a piada valeu!

Outra dificuldade encontrada, em se tratando de nome de gente, principalmente por desconhecidos, é quanto à grafia. Quem nunca passou vexame na hora de escrever certos nomes? Os mais afoitos perguntam logo: "Como se escreve mesmo?" Os tímidos... Ah! Os tímidos, coitados! Usam rabiscos ou preferem não escrever nada, guardando o nome do infeliz mentalmente ou, então, usando artifícios, associando o nome da pessoa a alguém ou a algo: W. da Chiquinha, W. da faculdade. Há, ainda, os esnobes que, num pedantismo audacioso, exclamam: "É com s-h-i-n-g! É assim que se escreve Washington: W-A-S-H-I-N-G-T-O-N." Esses são bons! E Wellington? Outro nome brabo de acertar! Já vi Veliton, Weliton, Weligton... Qual deles seria o correto? Fica a indagação.

Dentro das muralhas dos quartéis não é diferente. Quando buscamos conhecer os novos militares, durante a escolha do nome de guerra, também nos deparamos, não raramente, com fatos vexatórios, engraçados... E cada nova instrução tem um misto de encantamento e distração para as sutilezas das respostas.

Certa feita, durante o recrutamento de guarda-vidas (tudo acontece com recrutas!), o tenente instrutor chamou o número de um dos pretensos guardiões do mar. Farei aqui breve e pertinente esclarecimento para a comunidade civil, posso? Na vida militar, sempre que alguém é chamado pelo número, deve responder com o nome e vice-versa. Exemplo: – Recruta 626? O recruta deve tomar a posição de sentido e responder: – Franklin, senhor! Ou... – Recruta Franklin? – 626, senhor! (o recruta toma a posição de sentido e responde). Continuando. O oficial instrutor chamou o recruta:

– 608?

– Sousa/Souza, senhor!

O tenente, mais um com aquela dúvida infeliz que nome de gente dá, pergunta:

– Recruta, o seu Sousa/Souza é com 'z' ou com 's'?

O noviço bombeiro, vibrando, toma a posição de sentido novamente e responde de lá, alto e bom som:

– Claro que é com 's', senhor! Se fosse com 'z', meu nome seria Zousa/Zouza!

Dá para entender nome de gente?

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Nijair Araújo Pinto
Enviado por Nijair Araújo Pinto em 25/10/2012
Código do texto: T3951984
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