Sexta-Feira 13
Pela minha origem, teria todos os motivos para continuar supersticioso. Na infância, causos e mais causos induziam-me a certas crendices. Com o decorrer do tempo, graças a boas leituras, eu mesmo fui desmistificando esses mistérios.
Certa vez, numa sexta-feira 13 de agosto, reservei, involuntariamente, a poltrona número 13 de um ônibus, em cujo percurso levaria aproximadamente seis horas de viagem.
Ao sentar-me na poltrona, lembro-me ter dito para o companheiro ao lado: “Hoje, sexta-feira 13, e vou na poltrona 13”. E ele: “Ave Maria, Ave Maria, benza-se!”
Sem nenhuma preocupação com esse número, viajei tranquilamente, e a viagem transcorreu da melhor forma possível.
Recentemente, tomei conhecimento de um fato que me deixou bastante curioso, mas acreditei na versão da pessoa que me passou a informação. Disse que, no último mês de julho, dia 13, sexta-feira, teve de ficar retida em Lisboa por não haver nenhum vôo nesse dia. Não sabia que os nossos irmãos portugueses eram tão supersticiosos assim.
Outro caso interessante, eu mesmo constatei, num país da América do Sul, um nosso vizinho.
No meu bilhete aéreo constava o portão de embarque número 13. Tenho o hábito de chegar com boa margem de antecedência e logo localizar o portão, para ficar mais à vontade.
Mirando as placas indicativas, sigo na direção em que constava de 9 a 17. Passo pelo 12 e em seguida vem o 14. Penso comigo: “Passei despercebido”. Voltei e comecei na ordem decrescente, mas não vi o 13. Parei e pensei: “Tô certo ou tô errado?”
Na dúvida, perguntei a um funcionário do aeroporto onde ficava o número 13. E ele simplesmente: “no hay”.
Tive de voltar ao painel para verificar onde estava meu embarque. Agora sim, indicava o portão 7. Corredores compridos, exigindo um pique de atleta, cheguei quase no limite da hora. Valeu a minha prevenção de chegar sempre adiantado. Do contrário, a falta do número 13 teria me deixado na mão. E haja superstição por esse mundo afora, em pleno Século XXI.