TCHÊ MUSIC - Não foi o fim

Em uma matéria publicada em 20/10/2009 no jornal Zero Hora falava-se sobre Tchê Music. Agora, 3 anos depois da publicação, resolvi analisar essa matéria verificando o que houve de lá para cá.

A matéria começava mais ou menos assim: “Agora, nomes até pouco tempo da tchê music, como Luiz Cláudio e a Tribo da Vanera e o grupo Quero-Quero, estão voltando às origens. Outros, como o Tchê Barbaridade, tentam o meio-termo. Será o início do fim da tchê music?”

Claro que não foi o fim da tchê music, mas que muitos acordaram e resolveram voltar ao tradicionalismo antes que fosse tarde, isso foi. Podemos dizer que o Paixão Cortes até que tinha razão, quando disse na matéria: “Sou contra qualquer medida proibitiva, mas sou a favor de conceituação, da diferenciação dos estilos” ou seja, música tradicionalista gaúcha é uma coisa, tchê music é outra.

Sobre o grupo Quero-Quero, o vocalista André Lucena comentou “Tentamos passar para um mercado que estava se abrindo. Mas o público mais fiel chiou e com razão”. Vejo que atualmente o grupo abandou de vez a tchê music. Pelo menos na última apresentação em que estive presente, tocaram músicas bem tradicionalistas e integrantes bem pilchados. Parece que voltaram às raízes mesmo, até regravaram algumas músicas nativistas.

Quanto ao Luiz Claudio e a tribo da vaneira, que, na época comentou que voltara a usar bombacha e que tinha voltado pra ficar, “voltou a usar bombacha e, definitivamente, como gosta de ressaltar”. Bom, eu até procurei informações, mas não encontrei nada, não sei o que é feito dele e do grupo hoje em dia.

Já o Tchê Barbaridade conseguiu ir longe. Na matéria o vocalista Marcelo Noms afirmou “A gente vai tentar achar um caminho do meio para unificar as duas ideias, o tradicional com o novo. Já temos músicas com esta perspectiva”. Eu acho que eles estavam meio sertanejos, não acompanhei muito essa fase deles, mas ficaram conhecidos nacionalmente, fizeram shows com cantores famosos. Fico feliz por eles, estão fazendo sucesso, mas o importante é deixar claro que fizeram música sertaneja e não mais música tradicionalista.

Um detalhe é que na mesma matéria, o Marcelo comentou que não pretendiam vestir bombacha novamente, é aí que verificamos como as coisas podem mudar. Este ano o Tchê Barbaridade lançou o CD e DVD 100% gaúcho. Somente com músicas tradicionalistas, a maioria regravações. Teve um show/baile com eles aqui em Lages/SC; lançamento desse trabalho. Há anos eu não ia numa apresentação do grupo e resolvi literalmente 'pagar para ver'. Pois lhes digo: valeu cada centavo!

Não podemos colocar em discussão a qualidade musical que o grupo tem, eles sabem fazer música, no sentido de tocar, cantar e da própria estrutura que possuem. Tocando música sertaneja, romântica ou batuque, eles são sempre bons. Que fique claro que não estou falando da qualidade das letras. O bacana é que com essa proposta 100% Gaúcho, o Tchê Barbaridade trouxe toda essa categoria para a música gaúcha novamente. Estavam todos pilchados, digo, completamente pilchados, e tocaram somente músicas tradicionalistas.

Pelo que entendi a proposta é: contrate um show e eles vão tocar batuque vestidos de cola fina, contrate um baile e eles vão pilchados e tocar música tradicionalista. Até que a ideia não é ruim, já citei o Paixão Cortês, lá em cima, o importante é deixar claro, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Enfim... tem Tchê Barbaridade para todos os gostos!

Já o Marquinhos do Tchê Garotos disse: “Tchê music não existe no resto do país. Em São Paulo, somos sertanejos”, concordo com ele. Isso é ótimo, são sertanejos e não tem nada a ver com a música tradicionalista gaúcha. Não podemos negar que o Tchê Garotos também fez sucesso, até emplacaram uma música na novela das 9h.

Ele também comentou que: "voltar à música tradicionalista e ao uso da bombacha é uma forma de desespero", isso depende. Talvez para muitos essa história de se bandear pra tchê music ou pra música sertaneja, como queiram, é que seja uma forma de desespero.

Acredito que tem espaço para todos. Já fui muito radical e totalmente contra a tchê music, agora estou mais realista. Se tiver quem queira ouvir, que toquem, bem longe de mim. Eu prefiro ficar com os clássicos como Entrando no Bororé, ou com a simplicidade de Sonhando na Vaneira d’Os Monarcas. Os grupos e cantores que optaram por continuar no tradicionalismo tem um público fiel, e grande. E esse público não irá abandoná-los, nem trocá-los por modismos. Há muita qualidade na música gaúcha. E se apresentar de bota, bombacha e lenço no pescoço não é vergonha, nem desespero, é uma forma de manter vivos os costumes nos quais acreditamos.

Alva Gonçalves – 20/10/2012

Alva Gonçalves
Enviado por Alva Gonçalves em 25/10/2012
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