'MINHA ÍDOLA"

Homens e mulheres se diferenciam não apenas fisicamente, em virtude das quantidades de testosterona ou de progesterona que tenham, mas também psicologicamente, fazendo com que nós, mulheres, sejamos mais emocionais, falantes e sexualmente comedidas que os homens.

Antropologicamente, esse fato teria acontecido em virtude da necessidade de sobrevivência dos humanoides. Na era das cavernas, cabiam aos machos as tarefas de caçar e pescar (o que exigia silêncio absoluto) para sustentar as suas famílias, e a de defendê-las de eventuais perigos. Por isso o cérebro masculino se moldou para lidar com a orientação espacial, despertou a coragem para enfrentar os animais, e capacidade para reprimir as emoções, que poderiam enfraquecer os seus papéis de caçador e de “soldado”. Enquanto isso, eram das fêmeas os papéis de transmitir o carinho e a tranquilidade aos filhos, alimentá-los de seus próprios corpos e ensinar-lhes a linguagem humana.

No que tange à sexualidade masculina exacerbada, a explicação estaria exatamente na testosterona, que ao induzir o homem a ter o maior número possível de filhos (para perpetuar a espécie), reduziu a parcela do cérebro “para escutar”, enquanto, simultaneamente, lhe aumentou a zona do pensamento sexual, fazendo-a ser duas vezes maior que a das mulheres. Essa seria a explicação para a maioria dos homens só pensarem “naquilo”, ou seja, de alguma forma, eles ainda têm os pés muito presos aos seus primeiros antepassados.

Historicamente, por tudo isso ou por submissão tola nossa, os homens se destacaram em diversas áreas antes de nós, e o Google está aí, aberto às pesquisas que podem comprovar seus destaques, mas é ele também quem me traz informações sobre aquela que, há algum tempo passou a ser a minha “ídola”.

Antes de anunciar quem seja ela, digo que a palavra entre aspas, acima, é uma brincadeira com a palavra ÍDOLO, que, conforme a NGB - Nomenclatura Geral Brasileira -, pertence à categoria das “sobrecomuns”, ou seja, palavras que não estão atreladas ao gênero das suas precedentes. Entre elas, estão palavras masculinas como alvo, animal, cônjuge e indivíduo, e as femininas como criança, pessoa, testemunha e vítima. Isso significa dizer que se eu admirar muito uma mulher, eu devo dizer que ela é “MEU ÍDOLO”.

Tenho algumas, e “não sei por que”, entre elas nunca estiveram aquelas que são as de muitos: a Xuxa, a Madona, a Gisele Bündchen... Continuo tendo imensa admiração por Madre Teresa de Calcutá, Irmã Dulce, Zilda Arns...,mas elas já partiram para o “andar de cima”, porque tinham algo de santas. Minha “ídola” atual distancia-se muito desse perfil, está vivinha aqui na Terra e deve usar soutien nº 56, como você, meu leitor, descobrirá a seguir.

Nascida em 05 de novembro de 1944, em Salvador, ela é formada em Direito pela UFB - Universidade Federal da Bahia -, desde 1968, e, desde então, tem feito uma carreira brilhante, desempenhando cargos de Procuradora da República, de Juíza Federal, de Professora de Direito Processual Civil em diversas instituições de ensino, de Corregedora do CNJ- Conselho Nacional de Justiça e de Ministra do STJ- Superior Tribunal de Justiça.

A ascensão dessa mulher abalou um universo dominado por homens, cujos discursos costumam ser floreados com frases em latim ou marcados por preciosismos. Fugindo à regra, quando atuou no CNJ, ela chamou juízes corruptos de "vagabundos" e "cupins", disse que o sistema legal brasileiro está "um século atrasado", que a “justiça é cara, confusa, lenta e ineficiente”, e pediu mais transparência às cortes.

De lá para cá, mesmo após receber repreensão veemente do ministro Cezar Peluso (então presidente do STF e CNJ) aos seus comentários; ela continua “baixando o sarrafo” e expondo as vísceras das autoridades, que fogem às virtudes essenciais ao exercício dos cargos e se julgam imunes aos rigores da Lei.

Meus “seios” são muito pequenos para eu expor aqui as “cirurgias” que ela já fez e é capaz de fazer nos abdomens de vários togados desse Brasilsão, mas quem não for muito alienado deve saber sobre algumas delas. Caso não façam com ela o que bandidos fardados do Rio de Janeiro fizeram com a juíza Patrícia Acioli, creio que o Brasil ainda vai ouvir falar muito bem de “minha ídola”, a ministra do STJ, Eliana Calmon Alves.

Brincando com meus parágrafos iniciais, acho que ela é descendente direta de alguma mulher das cavernas, que ajudava o pai a caçar e a pescar e, simultaneamente, a mãe a cuidar dos irmãos. Pode ser que seu caráter decente seja consequência disso, mas, talvez, seja apenas uma questão de DNA, pois os descendentes do maior benemérito de Linhares, o nosso saudoso Joaquim Calmon, têm a mesma estirpe.

NORMA ASTRÉA
Enviado por NORMA ASTRÉA em 24/10/2012
Reeditado em 08/11/2012
Código do texto: T3949808
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