Poeta

                                              
 
            Como sofre, o pobre poeta!
            Será de hoje?  Acredito que não.  Poesia muitos sempre escreveram, mas a divulgação era difícil.  Hoje a internet facilitou muito.  Os sites de literatura não são poucos.
            O poeta hoje não é mais um fingidor, ele apanha mesmo!  Trovas com cinco sílabas, sonetos desconjuntados, ninguém respeita as regras de como se escrever uma boa poesia.  Pega no teclado e é um Deus nos acuda!  Poetrix com quatro versos, haicai sem a métrica obrigatória.  Vou parando; a lista é grande.  Falei em métrica.  Quem conhece as regras?  Sabem escandir um verso como manda a boa literatura?  A maioria não sabe.  E isto importa?  Claro que sim!
            Parece que quase todos preferem o verso branco, aquele que até pontuação dispensa, por desconhecerem as regras fundamentais da poesia.  E aí, chovem versos capengas.
            Ah!, dirão.  Mas todos têm o direito de escrever.  Têm sim, claro, compre um bonito caderno, escrevam suas poesias, mas não saiam entupindo a comunicação com poemas de pé, mão e cabeça quebrada.  Guarde seu caderno com carinho, ele merece, os versos são seus.  Mas guarde, não publique.  Não castigue mais a pobre poesia, que não resiste a tanto maltrato.  Os editores vão logo avisando: não mandem poesias, não serão avaliadas.
            Você é bom poeta?  Tem certeza?  Conhece a poesia dos grandes?  Sabe contar as sílabas de um verso?  E a acentuação obrigatória que cai nos sonetos, conhece?  O caderno, compre o caderno!
            “Sujeitinho chato.  Quem pediu a opinião dele?”  De nome não sei.
            Mas o que tem a poesia nas veias, que sabe compor um verso e conhece bem o seu ofício, agradece.  O leitor, igualmente...

Imagem:  Vinícius de Morais, um dos maiores poetas brasileiros.

Jorge Cortás Sader Filho
Enviado por Jorge Cortás Sader Filho em 24/10/2012
Reeditado em 24/10/2012
Código do texto: T3949644
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