UMA TARDE NA BIBLIOTECA

14 h e 25 min. Cheguei à biblioteca. Tenho que estudar. Você precisa estudar! Vá! Estude! Essa é a voz da minha consciência, falando a ela mesma.

Já que não existe imperativo na primeira pessoa do singular, quando temos que dar uma ordem a nós mesmos, laçamos mão da terceira pessoa.

Na biblioteca, na sala de estudos, há, além de mim, mais duas pessoas. Duas mulheres. Elas estão sendo avaliadas. Só ouço o barulho da central de ar e o cair das gotas de água em um balde, colocado embaixo da central.

Minha mesa redonda está bem próxima à janela. A luz do sol entra na sala de maneira branda. Há lá fora uma árvore de mangas. As folhas e galhos estão parados. Não há vento lá fora.

Tenho em minhas mãos uma apostila sobre a História do Direito. Preciso lê-la

Meus olhos pesam. As letras ficam turvas. O raciocínio foge-me. Continuo ouvindo só o barulho da central de ar e o som hipnotizante das gotas de água quem caem da central.

Levanto-me. Desço as escadas. Vou às estantes. Procuro um livro. Na realidade não quero livro algum. Tudo isso é apenas um meio de reativar o meu cérebro que está adormecido.

Pego um livro de gramática normativa da língua portuguesa. Saio do meio das estantes. Subo as escadas. Sento-me à mesa. Nossa! Que sono infernal!

Folheio o livro. Leio o que está escrito, mas parece que dentro de minha cabeça só há um vazio, um buraco negro. Não sei para onde vão as palavras que leio. Elas não fazem sentido.

Abra a sua mochila! Pegue sua caneta e seu caderno! É a minha consciência falando novamente. Escreva algo! Escreva qualquer coisa, vamos! Escreva logo! Não perca tempo! Vença o seu sono!

A minha vontade é de baixar a cabeça e encostá-la à mesa e dormir, apenas um pouquinho... Afinal agora estou sozinho. As duas mulheres já se foram.

Abro a mochila. Pego a caneta e o caderno. Começo a escrever tudo o que me vem à cabeça. As palavras começam a surgir. São muitas as palavras que me vem.

Heureca! Eis o exercício intelectual contra o sono, inimigo mortal do saber!

22/10/2012

Manoel Barreto
Enviado por Manoel Barreto em 24/10/2012
Reeditado em 05/12/2012
Código do texto: T3949491
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