RAIOS! ORA, RAIOS!

Raios! Ora, raios!

Uma das minhas maiores paixões é ficar em noite de chuvas e temporais, namorando raios, relâmpagos e trovões.

Pode parecer uma paixão estranha, mas em cada raio ou relâmpago, encontro um novo caminho sendo escrito na noite, uma nova palavra dita na vida.

E os trovões? Bem, estes nada mais são do que o eco das palavras ou do rasgo dos novos caminhos.

Quando pequeno me contavam a história de que era São Pedro no céu arrastando mesas e cadeiras para o baile daquela noite. Mas nunca me disseram por que iria haver a festa.

Quando não colocavam a culpa da barulheira mais além, no Papai do Céu, que estava brabo. Mas também nunca foram capazes de me dizer com quem. E raios! Quantas vezes fiquei a pensar se a coisa não era comigo. Questão de consciência pesada de quem aprontava de vez em quando.

Mas mesmo assim, bastava ouvir o menor sinal de chuva ou temporal e corria para trás da vidraça da janela. E descobri que tanto os raios como os relâmpagos têm cores dos mais variados matizes. Nunca também consegui descobrir, qual a cor do mais bravo ou perigoso.

Hoje, fico imaginando quando os vejo, quais novas histórias estarão sendo escritas, ou quantos novos caminhos estarão sendo abertos.

E uma coisa bem interessante também, foi sempre meu total desinteresse em saber qual a diferença entre um raio e um relâmpago. Mas também para que? Jamais vou ter mesmo um nas mãos. Ora, raios!

Não me recordo bem quando, mas uma vez li um poeta escrever que um raio é como a paixão.

Quando lhe atinge, você não vê! Já está morto!

Raios! Ora, raios!

Antonio Jorge Rettenmaier, Cronista, Escritor e Palestrante. Esta crônica está em mais de noventa jornais impressos e eletrônicos no Brasil e exterior. Contatos, ajrs010@gmail.com