O Vôo da Águia - Parte I - A Primeira Impressão

Decidi escrever sobre a Jornada do Vôo da Águia como escrevo sobre tudo aquilo que mexe comigo, e dessa vez não podia ser diferente. Mas a experiência foi tão intensa que resolvi dividi-la em partes, pois são muitas as coisas sobre as quais desejo refletir e expressar.

Como avisado logo no início, na palestra do dia anterior ao Vôo, paradigmas serão quebrados. E foi uma das primeiras coisas que notei. Ao olhar pras pessoas e pensar quem realmente parece estar conectado com a espiritualidade, precipitadamente não senti muita firmeza (talvez eu não estivesse sentindo firmeza em mim mesma). Mas como não me recuso conhecer nada nem ninguém, me entreguei. A insegurança de estar no meio de pessoas completamente desconhecidas, confiando em apenas uma ou duas, me pegou de surpresa, pois quantas vezes já passei por isso em cursos, encontros, festivais, faculdade, que achei que já saberia lidar bem com isso. Na prática posso até lidar bem com isso, mas no interior a insegurança é grande, mas não maior a ponto de impedir o entrosamento. No dia do Vôo foi a mesma insegurança, se não pior, pois tudo se juntou, as pessoas desconhecidas à minha volta, ao processo desconhecido que eu estava prestes a encarar, o lugar nunca antes pisado, entre outras coisas.

Com o passar do tempo, fui me acalmando, me conectando com o lugar e as pessoas. Uma coisa que ajudou muito, que pra mim foi indispensável, foi o contato com os Animais de Poder. Sinto que essa prática criou uma conexão entre todas as pessoas ali presentes, uma a uma. Os movimentos, os olhares, as ações, mesmo sem o toque físico foi como se uma família estivesse sendo formada ali naquele momento. Principalmente quando o Espírito do Macaco foi chamado. Era como se voltássemos para as nossas primordiais formas de vida onde o Ciclo da Vida e da Natureza comandava os seres sobre a Terra. O amor e a compreensão do que estava acontecendo e prestes a acontecer foi tomando conta de todos nós. As brincadeiras do Macaco me fizeram sentir como se aquelas pessoas fossem velhas conhecidas.

Depois do pouso ao amanhecer, essa sensação de família era ainda mais forte. Tão forte que não dava vontade de sair mais dali, como quando se vai viajar e fica com saudades dos familiares. Ao refletir sobre a primeira impressão que tive e toda aquela insegurança, descobri que não podemos ouvir somente a voz da razão (descobri na prática, pois disso não há quem não saiba), aquela que usa os olhos como instrumento de visão, manda a imagem para o cérebro processar gerando uma ideia sobre aquilo. É preciso que haja equilíbrio entre a razão e a emoção. É preciso ver com o coração e escutar a sua voz. Essa é a voz pura e verdadeira. É ela que deve ditar nossas ações do dia a dia, ela que nos faz compreender e conhecer as pessoas sem sequer saber o nome delas, sem sequer tocá-las ou vê-las.

A minha conclusão é que primeira impressão existe, mas não quer dizer muita coisa. Primeira impressão é diferente de intuição. Intuição vem de dentro do coração. Primeira impressão vem de dentro da mente. Essa pode nos trair, nos trazer uma ideia falsa, o que na maioria das vezes acontece. É preciso ver com o coração.

Fernanda Capuruço Leonel
Enviado por Fernanda Capuruço Leonel em 23/10/2012
Reeditado em 23/10/2012
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