O VÍRUS E O ANTÍDOTO

No exílio em que me encontro, sinto-me leve e irresponsável, liberta do sistema ditador, que me manteve em cativeiro constante. Sou os quatro elementos. Sou natureza em estado puro, bruto e delicado. Sou o amor universal, livre do preconceito.,

Preconceito! Vírus maldito que contamina e contagia, fazendo vítimas passivas e ativas, estas últimas, talvez mais necessitadas de ajuda, envoltas em uma ilusão que as leva à julgarem-se sêres perfeitos e superiores.

Preconceito, que nada mais é senão ignorância coberta com vestimenta elegante.

Vírus poderoso, enraizado à milênios...irmão da hipocrisia, maledicência, cinismo, orgulho, egoísmo, inveja e tantos mais. Vírus que, em sua forma mais branda, atormenta e tortura suas vítimas e em forma mais forte já provocou e provoca muitas mortes!

Também fui portadora... Como vítima passiva (ou ativa?) sofri décadas em busca do antídoto. Sentindo-me injustiçada, externava minha indignação com discursos inflamados que não encontravam eco. E assim fui rebelde sem causa, orgulhosa e maledicente.

Como vítima ativa (ou passiva?) era compreensiva e piedosa, defendendo e perdoando erros alheios, julgando-me juíza e superior, oculta em uma capa de doçura. E assim fui hipócrita, cínica e egoísta.

Escrava da ignorância, porém sedenta da cura, encontrei afinal, remédio para tão terrível doença... Era amargo como fel, mas precisava ser ingerido até a última gota. Chamava-se dor. Amargo sim, porém eficaz.

Aos poucos, a cura e a verdade foram brotando... Aliás o isolamento é ótimo para isso, pois no silêncio vivido descobri que existe outro remédio para o preconceito, e ao contrário do primeiro é doce, e igualmente eficaz, porém a maioria dos pacientes ainda o rejeita... É lamentável, pois não custa nada, é doado infinitamente pelo universo e se chama Amor!

Rosangela Martins
Enviado por Rosangela Martins em 22/10/2012
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