Chegou o Horário de Verão
Chegou o horário de verão. Muita gente não gosta, mas apesar de não apreciar nada o calor do verão, confesso que aprecio os dias mais longos e as noites mais curtas.
Lembro-me de quando eu namorava meu marido; saíamos do trabalho ainda com dia claro, e íamos tomar um sorvete. Era gostoso poder chegar em casa com o por do sol no horizonte.
Às vezes comprávamos mangas carlotinha para comer em casa ou fazer picolés. Uma época bastante feliz.
Nunca tive problemas em acordar cedo; portanto, as manhãs mais escuras não me incomodam. Quando eu trabalhava em cursos de inglês na cidade, eu andava pela Avenida Koeller de manhãzinha, e as luzes dos postes ainda estavam acesas. O curso onde eu trabalhava era localizado em um velho casarão histórico, onde hoje funciona o restaurante Luiggi, e quando a última turma entrava, às seis da tarde, eu dava aulas com os janelões da sala escancarados. Muitas vezes, interrompia a aula para chamar a atenção dos alunos para o por do sol. Era lindo, ver os últimos raios avermelhados penetrando os vãos das copas das árvores na Praça da Liberdade, entrando na sala de aula.
Do verão, só não suporto o calor; fico com dores de cabeça, mal-estar, inchaço, preguiça... mas gosto da época festiva, que é o final do ano. Gosto dos besouros coloridos no começo da noite, e dos vaga-lumes brilhando na mata. Adoro as tempestades rápidas ao final da tarde, e sobretudo, dos sorvetes! Gosto do natal tropical. Adoro usar vestidos coloridos.
Não sou de praias... não consigo mais suportar a areia e o sal grudados na pele, os cabelos emaranhados e melados pela água do mar, as ardências na pele - que sempre acontecem, mesmo quando eu uso o mais forte filtro solar. Mas até que o verão aqui na montanha pode ser bem agradável, com exceção de alguns dias realmente quentes. Nestes dias mais quentes, eu não sirvo para nada...
Mas... quer gostemos, quer não, o horário de verão chegou. Tentemos aproveitar o que ele nos traz de bom.
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Do colega Edson Paulucci:
HORÁRIO DE VERÃO
Deverão sim os dias,
ainda que mais compridos,
preceder as noites encurtadas
pelo homem lobo.
De relógio com ponteiros quebrados,
a natureza não dá bola e faz
o dia nascer a fórceps na hora
de sempre.
Jamais será historiada a economia
de energia, pois em tempo de
noites curtas, os vaga-lumes fazem
a festa em seus lampejos esverdeados.
Para corujas, galos e curiangos,
as noites têm o mesmo tempo.
Os boêmios já não pensam assim.
E continuam a bebericar histórias.
Uma hora a menos na noite...
e uma a mais nas ressacas da vida.