SER OU NÃO SER: PURO DESABAFO OU PURO DESESPERO HUMANO?
Há séculos essa frase vem sendo dita. Eu continuo como muitos, sem saber a resposta. Aí, ser depende do que se quer dizer. Se ser é estar vivo, bulindo, sentindo, cheirando, sendo cheirado, comendo, vestido, vivendo, acho que sei o que é Ser. Mas se ser é a essência tão propagada pelos filósofos, numa relação sujeito objeto, não sei se sei muita coisa. Não direi como Sócrates: “o que eu sei é que nada sei”. Não concordo com isso. Eu sei alguma coisa sim. A idéia da tabua rasa, já foi superada há muito tempo.
Meu saber é aqui, agora, está em mutação, em progressão. Logo, se sei que sei e sei o que não sei, e que fatalmente ainda há muito, a saber.
Saber que não sabe de nada adianta para aqueles que não tem com adquirir esse saber, pois ora, ele não está ao seu alcance por que você e eu não conseguirmos perceber que ele está ao nosso lado, mas estamos com uma venda nos olhos. Outras vezes, esse saber custa caro, e não dispomos de recursos. E, tristemente vemos, que o que gostaríamos de saber não faz parte do nosso universo, porque é conhecimento inútil para a nossa realidade.
Então, vou perguntar de novo, como posso saber, se o que posso saber será utilizado por mim, e terei com ele benefícios, inclusive para sobreviver? E quando, o saber que quero saber não está a minha disposição, não consigo alcançá-lo apesar de todos os meus esforços?
Será que vale a pena gastar-se tanto, buscando acrescentar o saber a uma existência tão curta e penosa? A vida passa rápido demais, e nós voamos. O desejo que tenho de ser e fazer logo se desvanece, porque o tempo não está comigo, é contra mim. Não o domino, sou dominada por ele, e isso é visível pelas marcas no meu corpo, no meu rosto, no meu ser. Estou marcada, carrego comigo as marcas do tempo, de coisas muito boas, mas de coisas ruins. Das conquistas e dos aplausos, das perdas e dos sofrimentos. Nessa busca incessante de ser, vou construindo o ser que se move, que se curva, que se ergue, e que continua em pé, aprendendo a conviver e viver com as limitações da vida, da existência.
Ser implica em tantas coisas! Em ser amado, em amar. Em dar e receber. Sentir que se é amado, e sentir o sentimento que o amor produz: acolhimento, sensação de pertencer, sensação de se importar com o outro. Sensação de bem estar, de retornar para casa, e ver nesse lugar, um lugar de refugio, de calor. Viver a vida, na expectativa de cada dia um dia melhor, mas viver aqui e agora. E não num futuro que talvez nunca possa acontecer.
Ser capaz de ser feliz com coisas simples, dar uma risada gostosa sem medo de brincar, de ser censurado, sem a expectativa de que todos estão olhando como se você fosse um mal que não pode ser expulso ou morto, que se tem que agüentar.
Ser é condição para viver, ser independe de quantidade de anos vividos, pois muitos passam pelos cinco estágios da existência, outros ficam pelo meio do caminho. Então, que tal aprender a tirar o melhor da vida, da existência, da essência. De lutar e ser feliz.
Há no Hinário Culto Cristão utilizado nas igrejas batistas que diz “se paz a mais doce, me deres gozar; se a dor a mais forte sofrer. Oh certo eu estou, que apesar de aflições, sou feliz com Jesus, meu Senhor!”
Que bom que para muitos de nós, quando a desesperança bate a nossa porta, quando o vazio é insuportável, quando a dor seja física ou emocional nos atinge, temos fé e cantamos as frases desse hino. Isso é alento, dá conforto e dá paz, pois nessas horas a fé é um grande aliado e pode promover cura interior.
Nesse instante, sei que o que sei me pertence e não pode ser tomado de mim, e que em Deus, minha solidão, meu desespero, é temporário. E quando a possibilidade de deixar de ser é uma realidade que se aproxima, encontramos esperança na eternidade com Deus. Se isso é alienação, bendita alienação!