VIVER MUITAS VIDAS.

Passamos rapidamente por esse sentido múltiplo de existir chamado viver. É uma concentração de pluralidade na unicidade. Uma continuidade descontínua, que trafega em linearidade, em retas sugestivas e significativas curvas, abruptas, que surgem do linear majoritário, surpreendentes, emocionantes.

São formas e meios novos que fazem palpitar, viver diferenças, assumir mandos, responsabilidades, mesclar emoções.

Antes brincar e se perder em irresponsabilidades, como se tudo fosse possível, sonho, sortilégio sem parâmetros ou barras, caminhantes só com a educação colegial e familiar que impuseram freios.

Um colorido intenso de quadro de muitos personagens...a fatura de cada um como se diz na arte de pintar.

O sonho da liberdade, que abraça a seriedade para adiante ser capaz como pessoa....complicado, mas interessante.

São muitas vidas em uma só...lançadas como setas para um destino desconhecido, atiradas ao longe buscando direções...

Temos sim múltiplas existências, variadas vidas se percorremos toda uma jornada, do nascimento às provectas idades.

Olhar para trás faz descortinar essa variação. E verificamos surpresos: vivi muitas vidas. Por que multiplicidade, variadas vidas?

De bebê aos primeiros passos, desses a uma pequena consciência de faltas e vitórias, como crianças, após menores impúberes, logo depois púberes, posteriormente capacidade relativa quando ocorre melhor distinção, plenitude de avaliação em seguida quando somos capazes civilmente, nos tornamos pessoas, cidadãos.

Ingressamos nas camadas da utilidade profissional da vida, de alguma forma, técnica, acadêmica ou de alguma praticidade. Começamos a caminhar para entender nossa existência, surgem as dores, os amores, as chegadas, as partidas.

As perguntas se avolumam, para uns desafios, para outros existências em curso, pura e simplesmente. As últimas sem questões, menos ricas de sentimento, embrionárias em pragmatismo, sem questionamentos maiores, calma e serenada no cotidiano ocorrente que esgota a ampulheta do tempo.

São transformações altamente significativas, há mudança fundamental de viver essa existência. As vidas dentro de uma só existência. Muitos não se dão conta dessa pluralidade.

Se fosse inversa a caminhada muitos modificariam essa variação...viver a maturidade na infância e na juventude.

Teria graça? Creio que não...a natureza é a única possibilidade de armazenamento da sabedoria, pois ela dita o tempo, senhor de tudo....

Em uma de suas incontáveis antíteses às suas teses, Kant, sem ser definitivo, pontifica sobre cosmologia:

“NÃO HÁ LIBERDADE, POIS TUDO NO MUNDO ACONTECE SEGUNDO AS LEIS DA NATUREZA”. “Crítica Da Razão Pura”; fls. 308.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 20/10/2012
Código do texto: T3942465
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