Observei  o homem que com grande esforço subia e descia, a ladeira íngreme na busca das pedras que encontrava pela estrada; transportava sobre a sua cabeça, num vaivém incansável  (trabalhar de formiguinha), estava focado na concretização do seu ideal. Há rios que se faz necessário atravessar a nado. 

Com os seus sessenta e cinco anos de idade...  Construindo  a sua casa de praia – pequena, sem luxo, não dispunha de muitos recursos financeiros.  Sua profissão... Vendedor, daqueles que anda de ônibus e faz visitas a pé em cada estabelecimento, se não bastasse, viaja de  cidade em cidade – sempre de  ônibus –, em busca de vendas. Ao final do dia, de volta à sua casa, enfrenta ônibus lotado e metrô... Arrasta-se,  para finalmente,  dormir o breve sono agitado, onde balbucia e interage com os fregueses,  gesticulando  – reflexo do dia a dia. 

Comprou  o terreno   em comum acordo com uma cunhada;  dividiram-no em dois lotes, quitando-os  em sessenta meses. Começaram a construir juntos;  apesar da contratação do  pedreiro, aquele senhor, não se esquivava de passar os finais de semana carregando pedras  e areia, que encontrava pelo caminho. Apressando-se para a chuva não a levar estrada abaixo; sozinho preparou o contra piso da casa. Hoje, se regozija em vê-la pronta, com a sua única renda. A sua cunhada, dona de uma gorda pensão deixada pelo marido –  já falecido –  e, com mais três  boas rendas, ainda não terminou a sua casa...

O senhor Victor passa, os finais de semana na praia – Enseada dos Corais, Cabo de Stº Augustinho /PE. Tem  às mãos calejadas, pela construção do seu ideal; faz o churrasco que divide com  a esposa, filhas, genros e netos , Também com amigos chegados, enquanto espera a tão sonhada aposentadoria.

 O que escreve tem por peculiaridade  a observância  – não pode ser alheio aos acontecimentos  em seu entorno –  desses, fluirão novos casos  e causos.