Maldade


Ontem à noite o Brasil não saiu de casa. Todos na frente da TV, assistindo ao último capítulo da novela das nove, Avenida Brasil. Confesso que me senti decepcionada com o final dos personagens principais.

 

O súbito arrependimento de Carminha não me desceu pela garganta... acho que a maldade fica muito impregnada na alma, e ninguém consegue livrar-se dela de verdade, quando a pratica durante tanto tempo. É preciso mais que uma crise de consciência, mesmo porque a  maldade mata a consciência dos atos. E Carminha aprendeu, desde pequena, a ser má. Não estou afirmando que não acredito na regeneração do ser humano, mas que não creio que alguém que foi tão má por tanto tempo, possa , de repente, arrepender-se e tornar-se boa.

 

Também não me desceu pela garganta o fato dos crimes de Nina não terem sido punidos; afinal, ela passou muito tempo dentro de uma casa, fingindo ser quem não era; ela roubou uma enorme quantia de dinheiro, e foi cúmplice de criminosos - e o fato de estar 'usando-os' na trama de sua vingança, em minha opinião, não a faz menos culpada. Ela mentiu e feriu pessoas inocentes. Mesmo assim, teve um final feliz.

 

Menos ainda me convenceu aquela cena do abraço entre duas arqui-inimigas mortais, que passaram a vida toda se odiando e perpetrando  vinganças uma contra a outra. A vingança, quando levada daquela maneira durante tanto tempo, inclusive com ameaças e tentativas de assassinato, não deixa de pé nenhuma possibilidade de laços de amizade ou de perdão sincero.

 

Não gostei do final do marido com suas três mulheres, todos 'vivendo felizes para sempre.' Claro, compreendo que eles eram o lado cômico da trama, mas a mensagem que ficou também não desceu... da mesma maneira, a periguete e os jogadores de futebol.

 

Talvez o final mais plausível tenha sido o de Soninha Catatau, que voltou a ser o que, na verdade, nunca deixara de ser.

Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 20/10/2012
Reeditado em 05/11/2017
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