Um amor de natal.

Era dezembro, véspera de natal, e minha vida ainda estava uma bagunça devido a minha recente mudança. Fazia exatamente um mês que terminara meu namoro de 4 anos e me mudara para Bristol, e desde então não havia dormindo bem uma noite sequer. Consegui um emprego de redatora num pequeno jornal local para manter minhas despesas enquanto não conseguia o emprego dos meus sonhos, mas ainda não havia me acostumado com o fuso horário, nem com a minha nova rotina, o que me fazia sair de casa com um rosto completamente inchado.

Estava uma manhã fria e após colocar o meu casaco gigantesco, saio em direção a mais um dia cheio. As ruas estavam enfeitadas, ao longe dava para escutar o barulho de sinos ou de algum coro natalino e as pessoas andavam apressadas, carregando inúmeras sacolas. Cheguei na High Street, porém estava difícil se movimentar no meio de toda aquela gente. Crianças manhosas choramingavam diante das vitrines com brinquedos, enquanto seus pais mau humorados as puxam pelas mãos reclamando baixinho. Suspirei. Aconcheguei minhas mãos no bolso e continuei andando, quando avistei um rapaz. Com o típico estilo inglês, ele era alto, bem arrumado, tinha a pele muito clara e estava com a barba por fazer. Senti meu coração bater mais forte, mas estava tentando não dar atenção a isso, já que estava sozinha na cidade, havia recém terminado um relacionamento conturbado e com isso era normal me bater uma carência. Mas meu instinto falou mais alto. Notei que ele entrou em uma pequena cafeteria antiga, e, como estava com fome, resolvi entrar também. Respirei fundo ao vê-lo numa mesa de canto esperando por seu pedido. Sentei-me numa mesinha que dava de frente para a dele, e por mais que eu tentasse, não conseguia tirar meus olhos daquele belo rosto. Percebendo, ele se levantou e veio em minha direção. Puxou a cadeira que estava na minha frente e sentou-se. Senti meu rosto enrubescer e dei um sorriso meio sem graça. Trocamos algumas palavras e descobri que ele havia recém terminado um namoro também. Como tínhamos este assunto em comum, passamos horas na cafeteria aconchegante conversando, acompanhados de várias xícaras de café e alguns donuts.

Não pude conter minha felicidade, fazia tempo que não me sentia segura com alguém, mesmo parecendo bobagem falar isso, já que havia o conhecido a exatamente 3 horas e 20 minutos. E por mais estranho que pareça, eu percebi que ele estava se sentindo da mesma maneira. Um silêncio pairou sob nós. Sentia o cheiro da timidez saindo de todas as partes do meu corpo. Com um sorriso delicado, ele pousou suas mãos sob a minha. Meu coração acelerou. Alguém pode parar o tempo, por favor? Meu desejo era ficar ali para sempre. Entrelacei nossos dedos e ele me beijou. Sim, essa era a melhor véspera de natal da minha vida, exceto pela vez que ganhei uma boneca que fazia xixi, aos sete anos. Ele me abraçou e ficamos ali, observando a janela e os pingos de chuva que começavam a cair no vidro, fazendo um delicioso barulho "tec tec tec".

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"Alô! Não quero te acordar a essa hora, mas só queria lhe dizer que foi um dos melhores natais da minha vida. Você é linda, espero poder te encontrar amanhã. tu tu tu"

Com um sorriso de orelha a orelha, ajeitei minha cabeça no travesseiro e pela primeira vez em um mês, me senti em paz. Estava apaixonada.

Fernanda Werner
Enviado por Fernanda Werner em 20/10/2012
Código do texto: T3942096
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