MADAME

- Madame, a casa está varrida e foi passado pano com desinfetante. No quarto fiz a limpeza da bancada e do computador com o lustra móveis da essência preferida pela senhora, jasmim.

- Entendo, estou agradecida. Favor ponha na lixeira da rua aqueles cangaços que eu deixei sobre a mesa da sala.

- Certo madame, não havia ainda recolhido porque pensei que a senhora intencionava usá-los.

- Garota, uma curiosidade: Você cursou até que nível na escola?

- Verdade senhora, na empresa que a senhora contratou meu serviço, todos tem que ter no mínimo o fundamental concluído. Bem eu tenho o ensino médio, e 22 anos de idade.

- Bem, você prefere ser chamada Isa, não é isso Isadora?

- Sim, estou aqui há pouco menos de duas semanas, mas estou gostando muito, da senhora, de seus filhos. O seu marido quase não tenho aqui o visto. Bem é que nessa casa todos são muito gentis.

- O Braga, meu marido, é uma pessoa de muito conhecimento, mas igual a quase todos os homens que a gente conhece, no aspecto de desejo as mulheres que lhe cercam, deu moleza, ele está em cima. Aliás, tenha reserva com ele, eu não gostaria de ter que finalizar um contrato como uma pessoa como você, que me tem sido tão distinta. Ultimamente, ele tem estado muito ausente pequenas viagens para reuniões pela empresa que trabalha.

- Bem quanto a isso fique segura, homem casado, não me tem chance, pois preferencialmente desejo parceiros sem rabo, além do mais não só o tipo de mulher desejável, passo despercebida.

- Isso é o que você pensa, é bem feita e tem postura, é que você tem talento menina, és modesta.

- Obrigada madame.

- Vou ser sincera contigo, acho que posso confiar, ele é um homem de muitas qualidades, mas... Eu mesma, e digo para você, enquanto não se tiver a vacina para AIDS, para homens assim, devemos usar sempre preservativo, a gente não precisa ser psicóloga, isso a gente traz no DNA, e sabe quando o amor não é fechado, e por emancipação, nos mulheres temos nos tornado mais soltas, e por isso também temos que manter controle em nossas tentações, e na sua idade, por exemplo, existe o risco de uma gravidez indesejável.

- Senhora desculpe ser incisiva: a senhora conversa sobre isso com seus filhos, sobretudo a Aninha?

- Certamente, pois isso não é segredo e sim precaução.

- Bem vamos ao trabalho. Lembro a você que o almoço desta semana vem de outra “marmitaria”, mas o entregador vai se identificar no interfone, hoje também é dia de lavar roupas, use a máquina só para tecidos grossos, quanto as crianças eles só retornarão às 16 horas, e você só tem que ter que ter atenção com elas por uma hora, pois às 17 horas seu tempo de serviço está concluído. Ah! Antes que esqueça minha irmã Lucinda passará aqui enquanto aguardará o conserto de seu carro, a oficina é aqui próxima de nosso residencial.

- Ok, boa sorte senhora.

- Pra você também menina.

Duas horas depois no apartamento, chega o marido da madame e meia hora depois a irmã dela. Conversam na mesa da cozinha, tomando café com biscoito. Isa está próxima com seus afazeres.

- (Marido da madame, Antes de falar está assobiando uma canção romântica) Que problema teve seu carro?

- Nada grave, apenas revisão de freio, pretendo viajar este final de semana.

- Lucinda, posso ir com você, preciso te esclarecer umas coisas, abrir jogo, para vida ficar mais agradável, leve, e vivermos em grupo seguramente.

- Lucinda (sorrindo) O que menino! Está me insinuando uma relação sindiásmica?

- Não seja intolerante, veja bem, considere o que temos vivido nos últimos anos, muita cordialidade, eu sempre te paparicando, como se fosse um marido reserva, e como você não quis parceiro, talvez por serem relapsos a sua beleza, pois eu que não estou cego.

- Bem e você acha que eu posso passar por cima de minha irmã?

- Eu pretendia falar isso com você noutro lugar, lhe acompanhando na viagem que você tem a fazer, te serei de início teu maior amigo.

- você não perde uma, hem! Aonde quer chegar?

- Já que começamos vamos em frente.

- Não sou responsável por nada.

- Bem é que, minha vida tem ficado tediosa, a Amanda é bacana, mas esta sempre mais dedicada aos afazeres domésticos, isso também eu me empenho, mas não deixo por esquecer a minha vida sexual, minha vida noturna, curtindo os bares ou teatros atrás de viver com arte, e ela maioria das vezes pula fora pelo trivial. Isto não implica que seja eu desnaturado, mas é que parece na crise da meia idade as mulheres gostam de dar castigo aos homens. Então pense se você me der chance ficarei por extensão também seu marido útil e, por conseguinte com a vida mais aventureira do ponto de vista romântico, e não preciso está caçando por aí, correndo risco por necessidade que poderia ser resolvido em família. E mais importante ainda, isso tudo com amor. Tenho você como uma mulher que nos faz sentir orgulhoso quando se está ao seu lado. Provavelmente vou me tornar outro homem, de humor para cima e o lado doméstico renasce com dedicação.

- Braga como posso ter certeza na sua mudança, se não vou apenas ser só mais uma na sua empreitada de aventureiro? E, certamente não estamos na pré-história, para justificar sua animalidade, lembre-se, estamos no século XXI, somos civilizados. Amor é único e verdadeiro. Minha irmã não merece isto, e ponto final. Deixe eu me virar com os homens só quando realmente for necessário.

- Você precisa entender que eu não vou deixar de amar sua irmã, ao contrário vou amá-la mais, pois a irmã dela vai me socorrer no que ela começa a evitar, por uma questão sei lá de que...Maternidade, ou por uma questão hormonal... O fato é que vocês duas me fazem redimir ao amor.

Passam-se minutos quase uma hora, Lucinda atende dois telefonemas, Braga canta duas canções uma em inglês que deixou Isa com um semblante de quem gostou muito.

- Pra vocês que ficam o meu tempo acabou. Obrigada Isa, pelo café, fui!

- Adeus foi feito pra se dizer. Então gata, é preciso seguir um modelo, o coração não fala para o bem de todos?

- Bem, é preciso entender o que veio antes e o que vem depois, e como às crianças vão reagir a possível fato, não esqueça que eu também sou mãe.

- Ora veja só, eles já entendem, a minha extensão de pai os atinge, e isso me deixa feliz, o que intenciono não é só de fato, mas também por direito. Ademais estão crescendo compreendendo o mundo cada dia que se passa, não vou me anular por especulações retrógradas.

- Ok, tchau!

Braga sinaliza que está também de saída e pede que Isa venha ter com ele até a mesa.

- Bem, vou buscar os meninos deixo-os na portaria e sigo, e muito obrigado por tudo que você nos serviu. Alguma coisa que eu tenha falado, e que tenha causado algum constrangimento, desconsidere, por favor.

- Não há com o que se preocupar, conversa de gente adulta, é pra ser respeitada, além do mais de coisas de muita privacidade, só interessa aos envolvidos.

- Menina como você tem requinte. Estou gostando de você, do pouco que vi.

- Falar em gostar seu Braga, adorei a segunda música que o senhor cantou em inglês.

- olha, faltou pouco para que eu tivesse fluência com inglês, é que nunca saí do país, e só falo inglês de livro e de se escola...

- Para mim foi perfeita.

- É uma canção dos Beatles.

- O Sr. Deveria cantar para elas para conquistá-las, talvez melhor do que esse discurso sindiásmico. Eu torço por você e compreendo.

- Obrigado. Mas eu cantei na presença dela, e não consegui nada.

- É o que senhor pensa, uma situação dessas não se responde assim na lata. Ela ficou viajando enquanto cantava. A música fala alto, mas é preciso dar provas do amor.

No final de semana em um restaurante simples que tem música ao vivo o casal e Lucinda se divertem na noite.

- Na quarta-feira próxima, haverá reunião na escola, final de 4º bimestre. Lembretes para evitar reprovação. Não sei como vou fazer, estarei muito ocupada, no horário da manhã por volta de 8 horas.

- Hora maninha, eu empresto o maridão ele vai está desocupado, ele só entrará em serviço depois das 10 horas.

-Isto sem contar que na sexta-feira, tem casamento, é família do pessoal do escritório, não posso nem deixar de ir, mas se for sozinha, já viu, é gavião que nem presta, todos me azarando.

- Ora maninha, para que tenho Braga, não é ele então o maridão reserva?

- Isto é que digo fidelidade incontestável. Finalizou Braga.

Omar Botelho
Enviado por Omar Botelho em 19/10/2012
Reeditado em 28/11/2012
Código do texto: T3941451
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.