O BEIJO DA SERPENTE

Fui visitar alguém. Quem? Não sei. Onde? Também não sei. Santo, você nada sabe? Pois é, são assim meus sonhos. Nunca me lembro deles. Lembro-me deste porque tão logo acordei e levantei. Se voltasse a dormir, esqueceria. Em meus sonhos raramente vejo o rosto das pessoas e se vejo não sei descrevê-lo. Assim aconteceu nesta manhã (12/10/2012).

Esse alguém que fui visitar morava num condomínio plano maravilhoso, casas térreas bem ajardinadas, sem grades, muros ou portões, passeios bem gramados e uma multidão de crianças brincando de jogar bola, andar de bicicleta, balanços, jogar bolinhas de gude. Algumas meninas pulando amarelinha, meninos brincando de pular sela. Ouvia-se um único alarido de alegria. Deviam estar sorridentes, mas eu não via o semblante. Cheguei à casa que eu procurava. Bati palmas, não vi a campainha que estava junto à porta num largo terraço.

Fui recebido com muita alegria e sentei-me num sofá junto com essa pessoa. Eu olhava enviesado para a porta que ficara aberta vendo as crianças brincarem. Dentro da casa, no fim de um corredor brincava uma menina de uns três ou quatro anos. Não distingui que brinquedo era, mas percebia-se que estava feliz. Aliás, naquele lugar jorravam felicidade e alegria. Eu me sentia muito bem. A casa transmitia muita energia positiva.

Repentinamente, entrou na casa uma serpente delgada e, celeremente, dirigiu-se à menina. Nesse instante eu gelei, emudeci e paralisei. Nada podia fazer por aquela menina, nem avisar, pois minha fala não saía. A criança ia ser atacada e nada podia fazer. A pessoa com quem eu conversava, cujo rosto não vi, ou ela não viu a víbora entrar ou também ficara como eu. Tudo isso era um mistério.

A serpente parou ao lado da criança, enrolou-se, levantou a cabeça e abriu um maravilhoso leque no pescoço. Era uma naja. Surpreendentemente, a criança deu um beijo na cobra e apontou para mim. Não entendia o que estava acontecendo. Depois de receber o beijo da menina, ela veio em minha direção. Meu pavor chegou ao extremo, eu já tinha me transformado em estátua, não era preciso ficar imobilizado como é recomendável nessas situações. O reptil apoiou a cabeça sobre os meus pés e foi vagarosamente subindo pelas minhas pernas e ficou cara a cara comigo. Foi uma visão tétrica. Não era a naja, era uma cobra com cabeça grande semelhante à cabeça de um pintado (peixe da família dos bagres) e tinha dentes gastos pela idade, não eram presas como possuem as serpentes venenosas, mas delicadamente me deu um beijo e foi se retirando.

Imediatamente eu me despedi. Da rua olhei para aquela casa e vi uma placa que não vi quando tinha chegado que dizia: “SOU FELIZ COM MEUS CÃES E MEUS BICHOS”.

Acordei, ou melhor, voltei a ser o que eu sou. Felizmente não estava molhado nem com maus odores.

Feliz, por tudo ter sido um sonho, começo a indagar:

“Quem eu fui visitar?”

“Quem era aquela menina? Seria mesmo um ser humano?”

“O que era aquela serpente ou quem era aquela serpente?”

“Que lugar era aquele”. Seria o paraíso onde todos os seres se dão bem?

Mas... Só vi uma cobra e seres humanos, crianças, principalmente.

Nota: Se algum leitor for oniromante e quiser fazer algum comentário sobre o sonho, sinta-se à vontade, fico muito grato.

SANTO BRONZATO
Enviado por SANTO BRONZATO em 19/10/2012
Código do texto: T3941192
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