Joaquim Barbosa e a carência brasileira de bons exemplos
Por Herick Limoni*
Em um tempo não muito distante, nossas crianças cresciam tendo como exemplos os pais, a quem deviam respeito e certa dose de devoção. Era muito comum os filhos almejarem um futuro semelhante ao dos pais, principalmente no campo profissional. Os pais eram, sem dúvidas, a maior referência dentro dos lares e, fora deles, a escola, outrora casa do saber. Hoje, com grande parte das famílias completamente desestruturadas e em razão da violência que invadiu as fronteiras dos educandários, tais referências se perderam no tempo e no espaço, e hoje nossos jovens, principalmente os de periferia, têm como ambição se tornarem os “donos da boca”, o “frente do morro”, pois este é o mais forte, se não o único exemplo de prosperidade que se vê em suas comunidades, ainda que o tempo de bonança daqueles que alcançam tal status seja deveras curto, em razão da violência a qual estão rotineiramente expostos.
Nesses tempos em que o povo brasileiro está carente também de heróis, eis que surge um cidadão negro, bem articulado e, aparentemente, livre das maledicências causadas pelas trocas de favores que ocorrem nos altos escalões dos governos e do poder, para nos fazer acreditar que ainda há esperança, que o Brasil ainda tem jeito e que a justiça é, sim, para todos. O Ministro Joaquim Barbosa, apesar de indicado pelo governo petista, célula máter do mensalão, não economizou uma vírgula para condenar aqueles que realmente deviam ser condenados. Com essa postura, angariou a simpatia de grande parte da população, tão acostumada a ver a sujeira ser “varrida para debaixo do tapete”, sendo por muitos considerado o “novo herói” brasileiro.
Toda essa repercussão me assusta. Não pela postura firme e legalista adotada pelo ministro, mas pelo fato de que o povo, inebriado pela Justiça que está sendo feita – com “J” maiúsculo – passou a endeusar uma pessoa que não está fazendo nada mais do que aquilo para o qual foi nomeado, e para aquilo que é pago, pelo povo, para fazer. Infelizmente, o ministro apresenta-se como exceção, quando o certo seria que todos nós, principalmente os que ocupam cargos públicos, tivéssemos uma postura pautada pela ética e pela justiça. Adaptando-se o adágio popular segundo o qual “em terra de cego quem tem um olho é rei”, “em um Brasil impregnado pela corrupção homem público que tem ética é herói”.
Por essa razão há quem sugira, e já há movimento nas redes sociais para isso, que o Ministro Joaquim Barbosa se candidate à presidência da república nas próximas eleições ou pense na possibilidade para daqui alguns anos. Não é de toda uma má ideia. Mas pela seriedade com que o ministro tem conduzido a relatoria do processo do mensalão, e pela imagem de homem honrado que tem passado aos brasileiros, acho extremamente difícil tal possibilidade, haja vista que ele não se deixaria manchar pelo chorume proveniente da política brasileira.
Na provável impossibilidade de candidatura do Ministro Joaquim Barbosa, pelos motivos acima explicitados, e visando atender aos anseios populares por um ministro-presidente, ou presidente-ministro, deixo aqui uma sugestão: Lewandowski para presidente e Toffoli para vice!
* Bacharel e Mestre em Administração de Empresas