SIRENES NÃO DORMEM

Na rua de minha casa fica uma Central de Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, o conhecido “SAMU”. No início eu me espantava, cada vez que uma ambulância passava em alta velocidade, com as sirenes e luzes ligadas. Corria para ver da varanda e ficava imaginando quem era a vítima. E sem saber quem, orava, pedia a Deus que a protegesse e a salvasse. Fosse lá, quem fosse. Mas, depois, de tantas vezes passando, incontáveis vezes ouvindo as sirenes, sem perceber, fui me acostumando tanto que nem sirene ouvia mais. Não que elas deixaram de passar. E hoje, ouvi duas ambulâncias em disparada, uma seguida da outra. E num repente, me dei conta, de que não mais me importei, nem tão pouco me preocupei ou orei por quem elas iam buscar. Sabe, tem certas coisas com as quais eu não quero e nem posso me acostumar, nem tão pouco viver como se nada estivesse acontecendo à minha volta. Se não ficarmos atentos, acabamos cochilando o sono da insensibilidade, fazendo ecoar as mesmas palavras de Caim: “Por acaso sou eu, o guardador do meu irmão?” (Gn 4.9). Enquanto isso, as ambulâncias passam e as sirenes não dormem!