A TV e suas Consequências
Acho que possuir uma mente livre e desapegada constitui enorme dádiva para o ser humano. Vivemos rodeados de influências as mais diversas, elas nos chegam sem que nos demos conta. Não medem hora nem lugar. A televisão é uma delas. A diferença fundamental está em seu campo de ação e este é medido pela nossa vontade. É querer ou não ser um fantoche, manipulado pela ditadura da comunicação. Hoje não é diferente do ontem, mas a tecnologia materialista confunde a mente do incauto. A informação é cavilosa; um prato cheio de iguarias tentadoras. A fome do ser e ter é suprida. A vontade de conhecer se embota e a ilusão faz a festa.
É justo e sadio querer mais, satisfazendo a ambição, mas a escolha tem de ser nossa. Quando falamos em televisão já relacionamos, inconscientemente que seja, a disposição de um, inerte e confortável, a aceitar calado e muitas vezes resignado, o que vem da telinha a sua frente. É claro que há na mão de alguém aquele dispositivo. Medidor da nossa satisfação. Ou cúmplice da teimosia em não querer coisa que valha. É uma questão de escolha.
Aqui surge um problema. Fazemos parte deste ramerrão em forma de lixo, pronto a nos engolir e nos tornar pequenos ou seria o contrário? Faria ele parte de nós? Será que nos resignamos, finalmente? É um sinal dos tempos, diriam outros. A verdade salta aos olhos. Os outros tempos estão aí a nossa frente. Nada ficou no passado. Ele nasce em cada ser que vem ao mundo, pois cada nascimento traz em si uma nova esperança. De humanos é feita a sociedade. Uns sempre influenciaram outros e vai continuar desse jeito, pois assim é o mundo. Então, por que não influenciar para o que é bom de verdade?
Impor algo é tirar a liberdade, mas dar exemplos é andar com ele o mesmo caminho. Aqueles que detém o leme da comunicação de massas foi imbuído de missão ímpar. Grande é sua responsabilidade. Infelizmente, nestes casos, manda o capital. Que manipula o detentor. Que manipula o meio. Que compra a vontade do cidadão que controla o controle. Aí, é só chegar, sentar à mesa do jantar, depois do banho tomado. Quando não, deitar no macio do sofá e dormir. Satisfeito. Porque o que está dito, está dito. E ele pagou para ver. E ouvir. Talvez, para aceitar o que a ele está sendo imposto.
Compramos idéias o tempo todo. São elas que vendem as mercadorias que consumimos. Ouvir pessoas inteligentes, ponderar suas palavras, é opção da mente que quer evoluir. Os semelhantes se atraem e se identificam. Daí, a busca do melhor se torna fácil. Exemplo no lugar da crítica. Há um menu repleto de coisas boas. Nem tudo é baboseira e, dentro da baboseira existe o joio do trigo a ser colhido na paciência e na tolerância. Enfim, o que vai para todos só chega ao destino se houver sintonia. Laser na educação é necessário. Divertimento, na falta de visão do todo é pretensão de iludir os menos favorecidos.
A crítica pura e simples vai de encontro à satisfação do gosto pessoal. É privar de relaxamento a mente estafada. Rotinizar o culto seria impraticável, longe disso. Defendo a cautela e o vigiar constante das pretensões da mídia. A sociedade de hoje reflete a influência da televisão em proporções alarmantes. Neste sentido, cego é aquele que vê. O alcance deste veículo e de suas programações pode e tem mudado o mundo de uma forma e de outra. Que seja o saldo positivo. Para o bem do todo. Assim pode ser. Se eles quiserem. Há muito de bom e aproveitável no cabedal de opções disponível, com tendências promissoras para uma ampla abertura. Circula a promessa de estender, nacionalmente, o acesso facilitado a todas as transmissões. Se, ainda assim, houver custos, que sejam estes mínimos. Poderemos, assim, comemorar o início de uma mudança. Que já se faz tardia. Para o bem da cultura. Que, então, outros povos nos sirvam de exemplo. De amor. E de vanguarda. Nesta marcha incessante. De melhoria do mundo.