Enfim, estou regozijado!

Às vezes é melhor viver de mimeses e não deblaterar, seguir a vida e sua corrente, sem digladiar com quaisquer que seja. Oferecer à cara a tapa, por hora e não revidar, deixar assim o hipócrita pensar que é valente para depois numa esquina, em uma emboscada criada pelo tempo, fazê-lo bradar por piedade.

A vingança é um prato que se come congelado, mas, quando esquentado no microondas do intelecto, é de lamber os beiços. Demos armas aos covardes e estimulemos sua força lânguida; demos corda a quem vive com ela no pescoço e torcemos para que não se enforque, pois o prazer é ver o apedeuta ser estrangulado por suas idéias errôneas e suas teorias criadas nos ecos da nesciência deblaterada como verdade absoluta.

O riso de hoje é o pranto de amanhã e o cinismo de agora é a morte do ser vil e sem os alicerces que uma estrutura deve ter. Coitado! Coitado! Coitado! Três vezes tenho pena! O espelho não mente e denuncia a fragilidade de quem quer se esconder atrás de algo que apenas deixa-lhe nu perante todos. O rei está nu! Que corpinho feio e sem as curvas que fazem derrapar o meu olhar arregalado e clínico. Pena? Esse ser sem vernáculo e sem o versejar de que precisa para caminhar pelo mundo, logo cairá no abismo vazio de seus dogmas falaciosos. Esconder-se não conseguirá, pois há muitos olhos arregalados, alto-falantes ululando ao pé do ouvido e uma pedra que está no caminho para fazer tropeçar.

Pobre, pobre! A estante cheia, mas fragmenta tudo para facilitar a comunicação. Mas, a verdade é que se a vida exigir profundidade, caíras num buraco raso, sem as cordas de que se precisa para se erguer. O machado está erguido, mas como bater em um bêbado, não há méritos, é a covardia querendo vencer a covardia. Melhor assistir impassível outros covardes enfiando-lhe a faca da hipocrisia, você agonizar e em seu último suspiro ouvir seu clamor. Meus caros, aí vem a vingança! O sorriso em meus lábios, minha mão recolhida e você fechando os olhos enquanto arregalo os meus. Enfim, estou regozijado!

Mário Paternostro