No começo parecia atenção, preocupação, desvelo, mas com o passar do tempo, o cerco foi se tornando insuportável.
Ele sempre queria saber com quem eu tinha saído, a que horas tinha voltado, que roupa tinha usado, se tinha me divertido e o nome das amigas que formavam o grupo.
Um simples encontro com as colegas de trabalho suscitava uma série de perguntas. Sentia-me como se estivesse num tribunal, respondendo a um interrogatório.
Ele precisa de tratamento, mas não acredita.
É claro que a relação com uma pessoa com esse perfil não pode durar. O pior de tudo é que a pessoa não se toca de que está sendo invasiva. Não se toca de que precisa de ajuda.
Assim como existe a pessoa que se sente o máximo, existe aquela que não tem um pingo de confiança em si mesma. Desconfia até da sombra. Naturalmente é um sofredor e faz todos ao seu redor sofrerem também.
Eu acho que se estou nesse mundo é porque mereço, logo, o melhor que faço é viver intensamente, procurando dar um sentido à minha vida e tentando ajudar àqueles que necessitam. Não falo de ajudar financeiramente, mas sim ajudar transmitindo ensinamentos, aconselhando quando possível ou, simplesmente, ouvindo. Há pessoas que não têm com quem falar. Diferentemente dos abastados, que procuram um psicólogo, essas pessoas precisam apenas ser ouvidas. Não é que possamos resolver os seus problemas, mas o simples ato de ouvi-la vai lhe fazer muito bem. Quando se divide um peso,  ele fica mais fácil de carregar.
Esse é um relato de uma pessoa que se sente presa com um cadeado. Estar presa é sempre ruim, mesmo que a redoma seja de ouro. Mas o pior de tudo é ser prisioneira de seu medo. Medo de perder o outro.

 
edina bravo
Enviado por edina bravo em 18/10/2012
Reeditado em 05/02/2014
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