O Novo Código Florestal e a Rio+20

'"Os catadores de materiais recicláveis do mundo fazem mais pelo meio ambiente do que toda a Rio +20'. (Mundano, grafiteiro)


Depois de todo o barulho provocado pelos ambientalistas pedindo veto total, o novo código florestal aprovado na Câmara recebeu doze vetinhos da presidente Dilma. Alheia à choradeira dos ecológicos fãs do Curupira, a bancada ruralista comemora, dentre outros pontos polêmicos, a anistia a quem tenha desmatado até 2008.

O assunto é controverso. A agropecuária é a única fonte de renda de muitas famílias brasileiras, tem importante papel na composição de nosso PIB e no equilíbrio de nossa balança comercial. Grande parte das propriedades rurais e suas instalações são anteriores às leis ambientais. Como exigir o seu cumprimento? Leis rigorosas demais poderiam inviabilizar muitas dessas culturas.

Porém, o que não faltam são espertalhões para aproveitar essa situação. Dentre eles, os madeireiros, a quem pouco importa que se torne cinza o verde de nossa bandeira, mais interessados nas “verdinhas” obtidas com a exportação de nossas madeiras nobres.
Durante a Rio+20, bem que o Governo Brasileiro tentou ocultar o Novo Código dos holofotes da mídia internacional. Não conseguiu. Trazido à tona, o projeto foi duramente criticado e a boa noticia é que ministros ligados ao tema defenderam, nesta terça-feira (26), a MP 571 que pode aperfeiçoá-lo em alguns pontos.

Por outro lado, a conferência, que reuniu representantes de mais de 180 países em busca do desenvolvimento sustentável (crescimento econômico com responsabilidade ambiental), conseguiu poucos avanços, apesar da indiscutível importância desse assunto para nosso planetinha. Não houve consenso sobre vários pontos e, em especial sobre quem pagará a conta para que se cumpram os Objetivos do Milênio definidos na Rio 92, parados desde então e que, pelo visto, seguirão inertes até a Rio+40. O evento seria mais efetivo, se cada um dos quase 50 mil presentes plantasse uma árvore, ao invés de vir poluir ainda mais o nosso Rio.

Quem poderá nos salvar? Chapolim Colorado morreu, Marina Silva sumiu... Só nos resta uma esperança: que descartem a documentação do encontro na lixeira certa. Ao menos, se reaproveita o “smart paper” consumido.



Crônica publicada no Jornal Alô Brasília em 19/06/2012.