Pesadelo de inverno
Numa manhã insólita de inverno, uivou o vento nas árvores da esquina, o barulho de folhas secas tocava a crespa face do chão, um cachorro latia distante.
O poeta adormecido acordava cansado e pensativo... Na premissa de um sonho estranho.
Ele estava taciturno com os olhos longínquos, recordava-se aos poucos do sonho de outrora e se tudo fosse real.
Sentava- se a frente do computador e tudo que escrevia soava como um delírio cruel. De que...Tudo já fora escrito, todas as possibilidades já foram alcançadas, sentia a solidão pairando sobre suas convicções.
Todos os amores idealizados... As dores da vida que passam no tilintar da alvorada do tempo. A vida em suas tênues fragilidades partilhada. O poeta nascera de uma ilusão circunscrita pelo mais sensível ser humano.
Se nesse dia todas as possibilidades alcançassem o cume, e os leitores da vida seriam meros espectadores de algo previsível e triste.
De que bastaria ter sonhado uma vida inteira.
O poeta cabisbaixo chorava baixinho esse mau presságio... Seria uma profecia contada nos sonhos, seria uma verdade narrada por algo maior, ou apenas o tempo, que tudo caminha ter alcançado seu próprio destino?!