A INDÚSTRIA DO MEDO.
Qual indústria? A própria vida. Por quê? Medo de perdê-la.
Li hoje uma famosa artista que ficou doente e está em recuperação dizer: “pensei que meu tempo tivesse acabado”.
O tempo só não acaba para o próprio tempo, digo sempre, só ele é testemunha de si mesmo. Só ele sabe quais as modificações que existiram no mundo e no universo, no cosmos.
Assiste soberano a tudo que os limitados homens não explicam. Tivesse seu livro escrito, tudo estaria lá, assentado sem caminhar na dúvida. É única testemunha presencial....
De nada adianta a física e a antropologia fazerem as costumeiras digressões, e mudarem afirmativas, e progredirem....pouco...quase nada.
Progrediram sim, as ciências curativas e preventivas. E é bom repetir quanto se deve a Salk e Sabin, quantas vidas deixaram de ter “paralisia infantil”, exércitos de infantes. Reverência ilimitada é pouco para estes “anjos das crianças” e das vidas libertas em movimento.
Outras causas de paralisia acometem as crianças que vemos nas ruas, sofridas e sofrendo com seus pais.
Não se escapa do tempo e da indústria do medo. Das fobias que não são poucas...tantas que são impossíveis de listar, englobadas desde medo hoje de avião, ao medo de baratas, etc.
Mas o grande medo das perdas é do maior bem, a vida. É o medo hierárquico no vértice de todos os medos. Compreende-se...é o maior valor, dele decorrem os outros, todos...
Conheço alguns, com medo, presos em suas casas faz mais de trinta anos. Nada resolveu o medo patológico, nem ansiolíticos, nem terapia psíquica, nem derivativos que se tornam vícios e levam a outras doenças.
A depressão é profunda, abissal, cerram-se portas e janelas, casas fechadas, masmorras, alguns opiniosos patológicos não admitem, é a famosa e “moderna” doença do pânico, POR MEDO. E vivem uma vida de ficção, são jardineiros, esportistas, passeiam por vontades irrealizadas que tornam reais. A internet por grande mostra é laboratório dessas vidas. A vida é mar revolto de dificuldades que as emoções enfrentam timidamente, é preciso aparelhamento para viver.
E o medo, paradoxalmente, impede a vida, o mesmo sentido do objeto de proteção, a vida que se quer proteger, se extingue. O que se protege está comprometido. Já não se vive...O paradoxo é gritante e a contrariedade clara. Já não se vive por medo, a vida que se quer preservar não é vivida. Atentem para essa equação irrespondível.
Se perde a noção de realidade e vive-se a irrealidade, uma dureza para a vida que se quis proteger e não se vive, se arrasta....entre ficção e sonho irrealizável...é triste. É patológico...entende-se, fragilidade.