Somos incomparáveis
Se nos detivermos por alguns instantes observando como se comportam duas crianças educadas com o mesmo cuidado,na mesma família,chegaremos a nos surpreender com as diferenças que as distinguem uma da outra.
Esperamos respostas semelhantes,ou mesmo iguais,embora se refletirmos, os próprios pais são pessoas de características psicológicas diferentes.As relações comportamentais não se repetem jamais mesmo porque são mutáveis as condições em que a vida humana está sujeita.
*O assunto me atrai visto que sou mãe de dois e tenho também um irmão.
Entretanto,no caso da diversidade entre irmãos,a relação sofre as consequências das diferentes atitudes que os pais individualmente ou juntos podem ter para com um ou ambos os filhos,esquecendo que o primogênito tira inevitavelmente espaço ao segundo filho,obrigando-o a uma diversidade que permita o desenvolvimento de uma identidade própria.
Por exemplo:se o primeiro dos irmãos é muito elogiado pelo senso de ordem,generosidade,empenho escolar,segundo estudiosos e especialistas na área comportamental,é muito provável que o segundo se manifeste mais desleixado,egoísta e também pouco interessado.É um modo para chamar atenção,recuperar espaços,obrigar a uma relação mais intensa,mesmo que sendo em sentido negativo,de reprovação.Daí resulta,consequentemente,danoso fazer comparações entre os filhos.Isso amplifica a necessidade de afeto e de estima de quem já experimentou o esforço de recavar-se um espaço pessoal no relacionamento com os próprios pais,pra não falar com toda a família.
O que dizer quando a escola infantil também adota a metodologia das 'comparações'? Um estrago praticamente irreparável na personalidade da pessoa!Contudo,não podemos esquecer um fator fundamental para que tal dano não aconteça,isto é,a estima se constrói.Toda criança precisa de estima,de ver elogiados os seus esforços,qualquer que sejam seus resultados,sejam ou não coroados de sucesso.Não é nada estimulante a 'comparação',aliás,é mortificante.
Assim sendo,é louvável demonstrarmos interesse e atenção pelos pequenos esforços e sucessos dos nossos filhos,sugerindo com delicadeza o modo como melhorarem,com uma expectativa confiante e que transmita do mesmo modo segurança.É importante demonstrarmos que a nossa estima e afeto permanecem sempre intactos diante de um ou outro dos irmãos,independentemente dos comportamentos singulares de cada um.
Com dor uma amiga bem conceituada profissionalmente atualmente e que é bem mais velha do que eu (me aproximo dos 39 de idade), conversando comigo,desabafou outro dia contando que na escola ninguém nunca lhe fez um elogio sequer,uma ferida que ela ainda não conseguiu sanar.Na escola suas qualidades pareciam sempre apagadas,vindo à tona apenas com o tempo através do exercício da profissão.Havia outros que a escola elogiava abertamente,eram'os queridinhos' do professor que, nos seus sentimentos de menos sortuda, permanecia à espera de um simples olhar de aprovação ou palavra de complacência.
Por isso mesmo é que penso que seja necessário ao educador pai ou professor refletir sobre as necessidades das crianças,pondo-se em primeira pessoa a pergunta dos reais motivos para os comportamentos delas,se estes são de causa caracterial ou se são devido ao contexto do ambiente em que estão inseridas.A compreensão,que faz parte do Amor, é capaz de curar muita coisa!