Hilde, a professora...
A escola para Valdete foi um presente! Sete anos incompletos! “Valdete, você vai à escola. acabei de fazer a sua matricula e a da sua irmã. A diretora ficou perplexa ao saber que vocês, já sabem ler e escrever!” Menina esperta... inteligência, além da sua idade cronológica! “Perplexa... mãe? O que é isto?” “Perplexa é uma orquídea que ganhei do tio Edgar, minha filha” “Nada disso, Clodoaldo, perplexa é o mesmo que dizer espantada!”
Primeiro dia de aula, mochila, lancheira, material escolar tinindo de novo. Felicidade completa para as duas irmãs. Mas, a Professora...
Espevitada, como; a Emília do Monteiro Lobato, magricela, tal qual, a britânica e modelo Twiggy, seca de sentimentos, semelhante, a empregada Juliana do Primo Basílio. Escreveu não leu... o seu olhar de reprovação... assusta!
A boca pequena fala da sua esterilidade. Mães falam da sua vida, sem qualquer, escrúpulo. “Não pode ter filho, por isso, não suporta criança!” “Foi abandonada pelo marido por ser seca, ali, nem areia fica!” Maledicências a parte, fizeram-na ficar com tiques nervosos. “Lógico que, ela não nasceu assim, foi uma criança tão bonita e alegre.”
Valdete não a vê, com os olhos maldosos dos adultos, ela, a admira, afinal, é a sua professora. “Mãe, quero levar um presente para D. Hilde no dia dos professores.” “Mãe, eu também, quero.”
Verônica faz patchwork, isto é, emenda retalhos costurando-os, as filhas a ajudam. Retalho por retalho, uma bolsa de mil e uma utilidades foi costurada. Livros enfeitam o seu entorno.
Dia do Professor... ela não apareceu para dar aula. Doente! A substituta uma jovem de cabelos louros... conta que, ela esta acamada. Valdete não consegue esquecer-se da mestra. “Mãe, preciso visitar D. Hilde! Mãe faz um bolo pra levar para ela!” Amor, amor incondicional da menina para a professora.
Lá vão elas descendo a ladeira da Rua do Vergueiro levando os presentes para a professora. Verônica está apreensiva,,, ouviu,,, cada coisa sobre a personalidade de Hilde, mas, vá lá, para ver as suas filhas felizes faz o sacrifício.
Dimdomdimdomdimdom...
Uma senhora abre a porta. Expectativa! “Como!? Vieram visitar a minha Hilde... entrem, entrem, por favor!” “Hilde, você tem visitas!”
Na semi-escuridão do quarto uma voz fraca e enternecida sussurra:
“Minhas queridas alunas... meus amores... que felicidade! Venham para perto de mim!”
Lágrimas rolam do rosto da professora! Lágrimas rolam no rosto da sua mãe! Valdete chega perto, abraça e beija a sua professora. Palavras valorosas saem da boca de criança...tão adulta! “Professora volte logo, adoro a sua letra caprichosa na lousa, sua maneira simples de nos ensinar. Competência é o seu nome... bondade é o seu coração.”
Na saída a mãe de Hilde, agradece! “Vocês salvaram a minha filha! Vocês a fizeram reviver! Não tenho palavras para agradecer. Deixo as minhas lágrimas de alegria e comoção! Obrigada! Obrigada minhas crianças”