CRÔNICA INÚTIL

Às vezes penso em deixar de escrever crônicas. E não é pelo fato de as pessoas quase todas não darem a mínima às coisas do coração. Nada disso. O sentimental sempre foi e será sempre um operário da solidão. Penso em deixar de escrevê-las porque não encontro mais espaço na cidade em que haja uma razão a compor o lirismo de uma crônica brasileira, nordestina, pernambucana, recifense diante dos olhos de um alagoano que, feito um caçador de borboletas zarolho, busca asas que não há, onde asas nunca estiveram. É simples assim: a vida vai virando algo que se inflama e expulsa o cronista como se ele fosse um espinho em seu dedão. Nem argumento há que justifique esta crônica andar mais que este parágrafo. Esta crônica, talvez a última.

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