DEDOS DE PROSA

Recebi como presente, de meu amigo pernambucano Carlos Lopes, seu livro Dedos de Prosa, o que me proporcionou uma fantástica viagem, voltei no tempo e me tornei criança novamente.

A viagem iniciou um pouco estranha, mas em pouco tempo tornamo-nos tão íntimos que me senti parte de sua história como se fossemos vizinhos de quintais. Meu amigo realizou meu sonho de infância, colocando diante de meus olhos, em palavras de fácil compreensão imagens de um verdadeiro filme, sonhado por mim, um mineirinho, Sentado na carteira mal conservada, em uma sala de aula, de escolinha rural, pelos idos anos de 1953. Quando com o mapa do Brasil em meu livro, estudando a saga desbravadora do Brasil colonial, nasceu em mim um grande desejo em conhecer o norte e o nordeste brasileiro. Mas logo veio a resposta, -- conhecer como? -- Se do povoado onde morava, ao centro do município sede, seriam longas horas de viagem a pé, ou no lombo do cavalo, transpondo obstáculos em estradas mal conservadas quase intransitáveis em épocas chuvosas. Jamais eu pisaria as terras nordestinas com seus potentes engenhos e extensos canaviais, ou os seringais do norte, que aquele garoto de físico raquítico e empalidecido pela malaria tanto admirava.

Mas, o tempo passou o meio de transporte e as estradas deixaram de serem tão precários, já não são mais intransitáveis, encurtaram-se as distancias, o mundo se tornou pequeno. De repente o impossível se tornou viável, e eu vejo-me dentro de um jato sobrevoando as belezas da selva amazônica, conduzindo minha neta à sua residência em Rio Branco capital do Acre onde minha filha residia.

Ao pisar naquela terra, em seu horto florestal, voltei a ser aquela criança que outrora sonhou o impossível. Meus olhos não desprezaram um detalhe si quer. Caminhando pelo parque Chico Mendes pude apreciar tudo em seus mínimos detalhes, exatamente como havia estudado, naquele saudoso livro, as figuras mitológicas muito bem trabalhadas, a maloca dos índios, a casa do seringueiro com seus apetrechos, de extração, e o método de transformar o látex em borracha. A imagem que mais chamou minha atenção foi uma seringueira com seus frisos para a extração do látex, eu poderia jurar que a foto do meu livro era daquele exemplar que estava ali diante de meus olhos.

Valeu a pena, inclusive a mais emocionante e até comovente surpresa, a visita ao memorial Chico Mendes, com seus pertences de trabalho, e alguns objetos de uso pessoal incluindo a camisa, com a qual ele fora barbaramente assassinado. A sensação de maldade injustiça, e impunidade; ali representada opondo à luta de preservação ambiental, comovem qualquer visitante diante daquele memorial.

Mais tarde em janeiro de 2010, tive o privilégio em viajar ao nordeste, ao sobrevoar Recife, e admirar suas belezas do alto, voltei no tempo, a ser aquela criança de então. Quando pisei no seu solo, elevei o pensamento ao alto, e louvei a Deus agradecido. Pelo dom da vida, e por tudo que me concedeu. Visitei a maravilhosa Paraíba e o Rio Grande do Norte. Retornei encantado com a acolhida e cordialidade nordestina me sentindo realizado.

Agora novamente rendo louvores a Deus nosso pai e criador, pela terceira grande e sensacional viagem que ele me concedeu, através do livro “Dedos de Prosa”, deste amigo Carlos Lopes, que por sua graça cruzou meu caminho. Este ícone da cultura brasileira. Que imune a qualquer preconceito regionalista, e sem nenhum individualismo, nem discriminação, vem reunindo os contadores de causos, Estórias, e história. Do norte ao sul deste imenso Brasil, formando esta grande família batizada como GANDAVOS. Que em breve será publicado, em um livro reunindo e unindo, amigos virtuais, deste nosso querido Brasil. -- Parabéns pelo belo trabalho Carlos Lopes, você é o cidadão que o Brasil merece e que o ministério da cultura brasileira tem que valorizar, e olhar com todo carinho. Logo teremos o livro intitulado os contadores para nosso orgulho.

Aplauso amigo pela iniciativa, um gesto de patriotismo e cidadania.

Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 13/10/2012
Código do texto: T3930023
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