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E cada vez mais fui me tornando tudo aquilo que eu não queria ser. Imaginei o certo, o céu dos pensamentos, mas esqueci de torná-los como ar para os pulmões. Vivi me deliciando no âmago desses tais pensamentos, mas esqueci de usá-los, apenas deixei-os parados nessa estante que é minha cabeça. Fui vivendo em meio a ondas do mar, para lá e para cá, solta. E o pior, fui eu mesma que me joguei nesse mar, e sutilmente fui me esquecendo lá. Fui deixando-me pensar como os outros queriam, absorvendo ideias e emoções que não me acrescentaram nada. Só sugaram o que talvez um dia eu tenha sido.
Então, para viver em plena felicidade, ironicamente, lembro-me que é só o começo da vida. De que adianta ser um museu? Olhar para frente, é isso. Fazer mais por quem realmente se desassossega comigo, e ser menos egoísta, menos invejosa, ser diferente, ser o contrário do mundo, e no final talvez conseguir respirar com calma, admirar uma flor ou algum sentimento verídico. E nas epifanias das desilusões me vejo cada vez mais viva, mais fria, porém mais real.