ANOS DE SONHO E SANGUE (BVIW)
Por vezes me pergunto se estou pulando fora do mundo real. Desligo o rádio, a TV, fujo das manchetes dos jornais. Notícias, notícias... sobre o quê, afinal? Corrupção, crimes, miséria humana enchem minha alma de horror. "Se você vier me perguntar por onde andei... de olhos abertos lhe direi: Amigo, eu me desesperava!" Não me tornei um bitolado, pelo contrário, as cenas que já vi só me fizeram mal. Por isso, hoje, eu não preciso mais ouvir e ver as manchetes para saber. "Eu ando um pouco descontente, desesperadamente eu grito em português. Tenho... anos de sonho e de sangue e de América do Sul". E essa bagagem sustenta meus escritos. Eu sei que mudam os atores e as más notícias se repetem, por isso eu as pulo num clique do controle remoto ou no fechar das páginas do jornal. "Sei que assim falando pensas que esse desespero é moda...". Por isso, contrariando Oswaldo Montenegro, na música "À Palo Seco", eu não quero que esta crônica "torta, feita à faca, corte a carne" de ninguém.