CRIANÇA SIM, E DAÍ?

 
Não sei o que aconteceu com o mundo. Não sei o que houve com ele, mas sei que as coisas mudaram. Sinto isso na água, sinto isso na terra, sinto isso no ar, e claro, sinto isso na internet, pois todo mundo sente mais a internet do que qualquer coisa como ar, água e terra. Sim, a internet tirou muita gente do mundo, e as incluiu naquele mundinho digital, egoísta e solitário.

Onde foram parar as crianças? Passear pelas ruas, e não ver ninguém rodando pião, ninguém jogando bolinhas de gude, ninguém brincando de pique! Todas em casa, na frente de seus monitores, com as mãos em seus teclados, jogando, conversando, ou somente curtindo e compartilhando as coisas que encontram pelos Facebooks da vida. Agora eu te pergunto, isso é vida? Isso é infância?

Lembro-me como se fosse hoje. Brincar de piques era algo divertido. Algo muito divertido. Todos correndo, se escondendo, caindo, ralando seus joelhos... Brincadeiras saudáveis. Brincar de pique-esconde envolvia um suspense, uma adrenalina que só acabava quando o último batesse um, dois, três na parede, ou o temível salve-todos, quando todos aqueles que você achou eram salvos, e você tinha que procurar tudo de novo. Era ruim? Com certeza! Dava raiva? É claro! Mas era bom ao mesmo tempo! E isso tornou a minha infância inesquecível.

O Dia das Crianças era um dos dias mais esperados do ano. Ficava imaginando o que pedir aos meus pais. Assistia aqueles comerciais de bonecos com carros de guerra, jogos de tabuleiros, videogames, e ficava imaginando e pensando no que pedir. Cada um já me fazia imaginar o que faria, que amigos reuniria, como brincaria, e tudo no jardim do prédio, ou na pracinha. Hoje, crianças não pedem mais brinquedos. Hoje vemos crianças de oito anos portando seus Tablets, seus celulares superdesenvolvidos, e cada vez menos Barbies, Banco Imobiliário e UNO. É triste ver isso. Ver que as crianças pararam de se divertir em grupos, partindo para o mundinho solitário dos jogos eletrônicos. Parecem até hipnotizados, e assim, quando há queda de luz, e ficam sem energia, se encontram perdidas no tédio de não ter nada para fazer, quando, na verdade, um simples jogo de tabuleiro resolveria isso tudo.

É triste ver isso. Ver que apenas bebês se divertem com desenhos, hoje todos usando de guerras, tiros e lutas, e não da aventura que encontrávamos em animações em 2D, e não nessa chuva de filmes em 3D que têm aparecido por aí. Queria resgatar esse espírito, fazer o Dia das Crianças ser O DIA DAS CRIANÇAS! O dia em que ser criança é a regra! Todos brincando de piques, todos correndo pelo parque e dizendo: “Tá com você!”, todas cavando na terra e enterrando tesouros imaginários. Cantando canções de aberturas de desenhos em coro, e fazendo história. Nesse dia 12 de outubro, deveria ser proibido deixar de ser criança. Deveria ter uma lei para isso. Até adultos, talvez, pudessem entrar nessa onda marota, e assim, poderem relembrar um pouco de tudo aquilo que viveram, rezaram para que passasse rapidamente, mas que hoje fariam de tudo para vivenciar tudo outra vez.

Não deseje crescer! Aproveitar cada segundo, cada amigo, cada minuto da infância é delicioso. Querer que ela passe rápido, somente pelo desejo de liberdade que a fase adulta promete é a mais pura ilusão! Ser criança é viver de sonhos, é aproveitar a vida e descobri-la das melhores maneiras possíveis.

Aproveite a sua infância. Use o Dia das Crianças para celebrar esse período, e assim, daqui há trinta e tantos anos, você estará se lembrando de tudo que brincou e com aquele sorriso bobo no rosto, contará aos seus filhos que nem sempre existiram computadores, celulares, Tablets, e nem Ben 10, mas que mesmo assim, você foi uma criança feliz, feliz à cantar. E que não se arrepende nem um pouco de ter sido.

 
 
FELIZ DIA DAS CRIANÇAS!!!!
Fael Velloso
Enviado por Fael Velloso em 12/10/2012
Reeditado em 12/10/2012
Código do texto: T3928691
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.