Criança Feliz

Qual é o momento que uma criança deixa de ser criança?

A ironia esta no fato de que: quando você era criança queria ser adulto, agora que é adulto queria voltar a ser criança. Porque quando você é uma criança não tem muitas responsabilidades, nossas maiores responsabilidades era passar de ano e pegar todo mundo no esconde-esconde.

Quando você é criança não pode dormir tarde, comer sobremesa antes da refeição e tem que tomar banho todos os dias. Depois de adulto você pode fazer tudo isso, mas dormir tarde não tem mais a mesma graça, a sobremesa não é tão doce e o banho ainda continua sendo obrigação.

Quando adulto você percebe que quanto mais velho você fica menos amigos você tem. Quando você é criança, qualquer um pode ser seu amigo, basta ter uma coisa em comum e vira seu melhor amigo.

“mãe, esse é o Paulinho, meu melhor amigo!”

“Mas e o Caio?”

“O Caio também é meu melhor amigo!”

Por isso nossos pais falavam pra não aceitarmos doce de estranho, porque se uma pessoa nos desse doce, viraria logo o melhor amigo de todos.

Quando você era criança todo mundo dava dinheiro, só por você ser criança. Fora que o dinheiro valia muito mais. Com cinco reais você era feliz. Depois de adulto ninguém te da dinheiro do nada. Você tem que fazer por merecer. Tem que trabalhar. Ralar. Você não tem mais aquele tio bêbado que enfiava a mão no bolso, tirava o dinheiro todo amassado e te dava só pra te ver sair se mostrando, sorrindo se achando rico com uma nota de dez reais. Churrasco de família era o décimo terceiro da criança. Nós fazíamos contas contando com o dinheiro que ganharíamos no churrasco.

Tenho inveja das crianças, elas sim têm liberdade. Podem fazer o que quiser sem se preocupar com o que os outros vão dizer, pulam, gritam, se sujam, e não ligam se alguém está reparando. Só se preocupam, um pouco, se a mãe vai brigar, mas mesmo assim continuam porque o máximo que pode acontecer é ela brigar. Ta aí! Acho que uma criança deixa de ser criança quando deixa de fazer algo por se importar com o que vão dizer.

Afonso Padilha
Enviado por Afonso Padilha em 12/10/2012
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