DIA DO PROFESSOR

Prof. Antônio de Oliveira

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Arduíno Bolivar, cujo nome honra uma das ruas de Belo Horizonte, mereceu uma crônica de seu ex-aluno Carlos Drummond de Andrade. Drummond admite que, por alguns meses, fora aluno vadio do suave humanista, mas beneficiário de sua amizade por muitos anos. Na tentativa de um agradecimento, deixou-lhe, em linhas antigas: “Arduíno Bolivar, o teu Latim não foi, não foi perdido para mim. Muito aprendi contigo: a vida é um verso. Sem sentido talvez, mas com que música!” A propósito, se com música, o magistério também é um verso. Mas ninguém pretenda ser um Gustav Mahler, um Mozart. Por outro lado, ninguém é insuperável, nem nisso nem naquilo.

Sem dúvida, o exercício do magistério mudou. Pois o mundo mudou. Inclusive ou, sobretudo, no campo dos conceitos e dos valores. Valores até então tidos como intocáveis são hoje questionados. A linguagem também mudou. Até a ortografia... Um aparelho minúsculo, uma tecla, uma senha, um botão, um chip: extensão, prolongamento do fenômeno humano. Não há mais distâncias. Não há mais crianças. As idades se confundem. Se atropelam. Não existe mais privacidade.

Hoje a máquina precede ao saber. Sintoma disso é a troca de substantivos por verbos. Quase não mais se designa o ser substantivo, indica-se logo a ação correspondente. Pesquisa, em sentido amplo, atualmente se diz fuçar. Fuçar no computador, no celular, no GPS, em qualquer aparelhinho eletrônico, tornou-se meio, caminho para aprender.

Na verdade, mudam-se os cenários. Os atores continuam seres humanos. E o professor, onde é que entra nessa história? Qual o seu papel? Cora Coralina considera feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina. Dia do Professor. Dia daquele que ensina? Cora Coralina e Guimarães Rosa têm razão. Mestre não é quem sempre ensina; mas quem de repente aprende. Mestre é quem se faz eterno aprendiz. Mas, como o professor de Drummond, sem deixar de ser uma referência.

Feliz Dia do Professor!