Das eleições às percepções
No Paraná, em função do meu trabalho, tive o privilégio de estar em mais de 50 municípios durante o pleito eleitoral. Municípios de 15, 10, 5, até 3 mil habitantes. Pude constatar uma linearidade no comportamento humano. Embora sendo municípios com ares bucólicos, onde cavalos, vacas, galinhas desfilam pela avenida principal, o ser humano continua a impressionar. Tanto na metrópole como no interior, personalidades se sobressaem. Já não há tanta diferença. A internet está aí. Vi crianças saindo do colégio comentando lutas do UFC; um menininho, de uns oito anos, ouvindo Slipknot no seu smartphone; um monte de gurias, ainda sem curvas, exibindo cintilantes maquiagens; algumas, um pouco maiores, já de mãos dadas, arrostando o preconceito dos velhinhos bebendo pinga nos bares da vizinhança. Vi e ouvi pessoas preocupadíssimas com o lugar onde moram; outras apenas “mordendo” algum candidato.
Sabemos que muitas coisas não mudam e nunca vão mudar. Mas o quadro desta amálgama chamada Brasil está ganhando contornos, no mínimo, interessantes. Em todo o país, votações apertadíssimas definiram o futuro de muitos municípios. Na contramão, o número de abstenções foi alarmante (16%). Ainda tivemos o maior número de prefeitas eleitas já no primeiro turno (621), mostrando, talvez, o efeito de vanguarda da presidente Dilma. Também existiram muitas pesquisas furadas, votos legítimos, votos comprados; pessoas satisfeitas, outras indignadas. Nada de estranho. Mas a urna (eletrônica, é bom lembrar) estava lá, prenhe de vontade de saber a opinião de cada um, em qualquer canto. Esse negócio de político transferir voto também já perdeu força. Sou otimista e insisto em dizer que os ventos do mundo digital também contribuem para o amadurecimento democrático.